28 novembro 2008

Herança maldita...


Especialistas apontam herança da ditadura militar em setor de segurança

Durante seminário "Segurança Pública e Democracia nos 20 anos da Constituição de 1988" que teve início ontem, especialistas em segurança pública ressaltaram os avanços e as deficiências que o sistema de segurança pública brasileiro carrega. Algumas dessas deficiências, de acordo com os especialistas, estão ligadas à heranças da ditadura militar implícitas na Constituição Federal.

"Os constituintes não conseguiram se desprender da ditadura e terminaram por redigir um texto que, no que se refere à segurança pública, defende mais os bens do estado e o corporativismo militar do que o cidadão, que é quem o subsidia", afirmou Jorge Zaverucha, Professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco.

"O Estado brasileiro ainda ocupa o grande papel de violador de direitos. No Brasil, a idéia de repressão está sempre associada os gestores da segurança pública. Precisamos transformar a segurança pública em direito e acabar com o sentimento de repressão que vem sempre associado à polícia nacional", disse a diretora do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção de Delito e Tratamento do Delinguente, Paula Miraglia.

O deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ, foto), que também foi expositor no seminário, concordou com os palestrantes no que tange às falhas da segurança pública brasileira e disse que o País tem crescido e se desenvolvido em diversas áreas, porém regredido no tema segurança pública. "Nos últimos anos só temos assistido a um imenso retrocesso no sistema público de segurança. Ainda não temos uma resposta para inverter essa lógica mas, com certeza, debates como este contribuem bastante para esse crescimento", afirmou Biscaia. Segundo o parlamentar, qualquer avanço que haja em torno do tema, deve privilegiar o cidadão. (Agência Informes)

Um comentário:

Anônimo disse...

Companheiro Júlio,

Em primeiro lugar, um ótimo trabalho acadêmico para nós. O esforço atual é, sem dúvida, dos mais gratificantes. Não se encontra a possibilidade de refletir sobre a sociedade à luz da ciência dentro de uma empresa privada ou como um funcionário público burocrático de baixa hierarquia e baixo salário. Nesse ponto, nossa escolha é, sem dúvida, um privilégio.

No mais, em relação a esse teu post, vou publicar mais adiante a transcrição de uma entrevista sobre o chamado JORNALISMO CIDADÃO com um professor de Jornalismo da Universidade Estadual de Londrina, doutor pela Unisinos e gaúcho de Santa Maria, Márcio Fernandes, que entra na mesma linha da matéria que tu trouxeste.

O Márcio lamenta que o brasileiro médio infelizmente não saiba enxergar a cidadania como um direito, nem a comunicação como um direito, assim como aqui tu trazes a opinião de quem afirma que não vemos a segurança como um direito.

Temos uma cultura política viciada em erros legais e humanos gravíssimos, que introjetou-se no pensamento da classe média conservadora e, mais recentemente, na gigantesca quantidade de pessoas que superaram a linha da pobreza e, conseqüentemente, tornaram-se conservadoras da mesma forma.

Esse é um desafio sério para todos nós: tentarmos mudar essa cultura sem esperar por décadas que, talvez, não tenhamos mais neste planeta...

[]'s,
Hélio