05 janeiro 2009

O Brasil e a crise mundial: debate







Medidas adotadas pelo governo enfrentam impasses

*Por José Dirceu

No Brasil, 2009 começa sob a égide da crise internacional e chama a atenção os impasses das medidas adotadas pelo governo.

Para ficar em alguns poucos exemplos, o Banco Central (BC) continua na contramão e recusa-se a reduzir os juros, apesar dos sinais claros de desaceleração econômica; e o sistema bancário não responde as demandas de crédito da economia à altura do desafio.

Pior, ainda, a oposição não parece convencida dos riscos de um agravamento da crise internacional e de seus reflexos no Brasil. Demonstração disso é sua recusa em aprovar o Fundo Soberano, obrigando o Governo a buscar uma alternativa legal para dotá-lo de recursos orçamentários.

A indústria de liminares opera mais do que nunca

Apesar da rapidez das respostas do governo - no geral, acertadas - e de sua decisão de manter os investimentos em 2009 nas obras de infraestrutura e nos programas sociais (inclusive ampliando-os), a falta de crédito e os problemas legais e administrativos ameaçam o ritmo do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC (leia, também, a nota abaixo).

Uma verdadeira indústria de liminares e a já consolidada tendência a judicializacao dos litígios administrativos e ambientais vão aos poucos paralisando muitas das obras do PAC - dentre estas, algumas das principais - como aeroportos, hidrelétricas, rodovias, ferrovias (como a Trans-Nordestina) ou as obras de transposição das águas do Rio São Francisco.

Lamentavelmente há que se somar a isso, ainda, a pesada e lenta burocracia de muitos ministérios e agencias federais, particularmente na área de saneamento e habitação, onde convênios e obras ficam paradas a mercê de decisões e ações que levam meses para serem concluídas, quando deveriam ser realizadas em semanas.

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Novos prefeitos assumem com um discurso errado

Além dos riscos de uma queda da arrecadação e da falta de recursos orçamentários - que podem ser resolvidos com o uso do FSB, ou com a diminuição dos juros e do superávit - e da falta de créditos interno e externo para muitas obras e concessões, (como do trem de alta velocidade, ou das concessões de rodovias e aeroportos), precisamos enfrentar com medidas de emergência a burocracia e a judicialização das decisões legais e administrativas.

O governo precisa identificar os pontos de estrangulamento e os canais entupidos do sistema de decisões e de ações administrativas e mudar rapidamente os processos. Se for o caso, (mudar) até os responsáveis pelas áreas.

Também não pode vacilar em enviar para o Congresso Nacional uma medida legal para viabilizar os investimentos e as obras do PAC. Há que suspender, se for o caso extremo, exigências e prazos que podem levar o país a pagar muito mais caro em termos de desemprego e atraso no crescimento, e até mesmo em termos ambientais.

Emperramento de obras pode obrigar país a recorrer a energia poluente

Não exagero, já que o emperramento de determinadas obras poderá obrigar o governo a recorrer a fontes de energia poluentes para evitar apagões e agravar ainda mais a desaceleração econômica que virá.

Na crise não se pode tomar só medidas corretamente benéficas à produção e ao crédito, geralmente abrindo mão de receitas orçamentárias via redução dos impostos. Como tem acertadamente alertado o presidente Lula - e adotado medidas correspondentes - é preciso apoiar diretamente o cidadão, sua família e os empreendedores autônomos, micro e pequenos empresários, evitando a quebra de cadeias produtivas e do consumo familiar.

Mas, para isso, é preciso transformar o discurso em prática, em ações, como o financiamento direto do mutuário subsidiando os juros, a concessão de crédito seguro e barato ao micro e pequeno empresário, e investir em transportes de massa e público, em saneamento e habitação.

É atuar exatamente na contramão dos discursos de posse dos prefeitos que, ao contrário do governo federal, só falam em cortar gastos e reduzir investimentos, sem apresentar medidas para sustentar o emprego e o crescimento.

*Do sítio www.zedirceu.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

oI.Sou a Vanessa, filha da Iara Suzana Schmitz Bulcão. Fiquei muito curiosa em relação ao poema feito para meu avô, Sadi pelo poeta Oracy Dornelles. Como faço para ler? Feliz 2009
Me escreva para vanessabulcao@terra.com.br

JÚLIO GARCIA disse...

Cara Vanessa, é um prazer enorme receber tua visita no blog. Vou te encaminhar o poema - e mais - vou também postá-lo no blog 'O Boqueirão', do qual sou um dos editores. O tio Sadi merece isso - e muito mais!
Grande abraço e tenha um ótimo 2009,estendido aos teus pais, irmãos e demais familiares.