30 setembro 2009

Impeachment de Yeda








RS: Oposição mantém decisão de ouvir Fórum dos Servidores Públicos e MPF

Porto Alegre/RS - O deputado Raul Pont (PT) anunciou na tarde desta quarta-feira (30) que os 12 parlamentares de oposição que integram a comissão especial do impeachment não aceitam ficar fora do processo e vão convocar audiências públicas para ouvir, pelo menos, representantes do Fórum dos Servidores Públicos – signatário do pedido de impeachment de Yeda Crusius que tramita na Assembleia – e os procuradores federais que ajuizaram a denúncia de improbidade administrativa contra a governadora gaúcha. “O que aconteceu ontem (29), durante a instalação da comissão de admissibilidade, já significou uma afronta a regras básicas da democracia, como o direito da minoria estar representada, a exemplo do que já acontece nesta Casa na composição da Mesa e das comissões temáticas. Além disso, o presidente, Pedro Westphalen (PP), informou pela imprensa que não pretende fazer nenhuma reunião da comissão. Não vamos compactuar com esta farsa”, revelou Pont.

O deputado, que foi indicado pelo bloco oposicionista para presidir a comissão especial, fez um chamado à bancada do PMDB. “Assim como muitos integrantes do chamado MDB histórico, fui constituinte, quando conseguimos assegurar que o princípio da proporcionalidade constasse na Carta. O fato da base do governo usar da sua maioria para garantir os cargos de presidente e relator da comissão do impeachment contraria as constituições estadual e federal e rompe com as normas adotadas pela Assembleia depois da nova Constituição. Antes de 1989, o usual era a maioria controlar todos os postos. Depois, avançamos em direção à pluralidade e ao respeito ao contraditório. Agora, estamos diante de um retrocesso que tem o aval dos peemedebistas”, avaliou o petista.

Para Pont, a lógica que dominou a escolha de Pedro Westphalen e Zila Breitenbach (PSDB) deixa a comissão sem legitimidade. “Não basta apenas legalidade, é preciso legitimidade e a comissão perdeu esta condição. Não dá para o líder do governo na Assembleia e a presidente estadual do PSDB (Westphalen e Zila, respectivamente) conduzirem sozinhos a análise de um pedido de impeachment contra Yeda Crusius; eles não têm a isenção necessária por motivos óbvios e deveriam ser os primeiros a não aceitarem a função”, observou o deputado. (Por Luciane Fagundes, do sítio PTSul)

29 setembro 2009

Injustiça Social



















Liberdade e justiça social

*Por Frei Betto

Na década de 1980 visitei, com freqüência, países socialistas: União Soviética, China, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia e Cuba. Estive também na Nicarágua sandinista. As viagens decorreram de convites dos governos daqueles países, interessados no diálogo entre Estado e Igreja.

Do que observei, concluí que socialismo e capitalismo não lograram vencer a dicotomia entre justiça e liberdade. Ao socializar o acesso aos bens materiais básicos e aos direitos elementares (alimentação, saúde, educação, trabalho, moradia e lazer), o socialismo implantara, contudo, um sistema mais justo à maioria da população que o capitalismo.

Ainda que incapaz de evitar a desigualdade social e, portanto, estruturas injustas, o capitalismo instaurou, aparentemente, uma liberdade – de expressão, reunião, locomoção, crença etc. – que não se via em todos os países socialistas governados por um partido único (o comunista), cujos filiados estavam sujeitos ao "centralismo democrático".

Residiria o ideal num sistema capaz de reunir a justiça social, predominante no socialismo, com a liberdade individual vigente no capitalismo? Essa questão me foi colocada por amigos durante anos. Opinei que a dicotomia é inerente ao capitalismo. A prática de liberdade que nele predomina não condiz com os princípios de justiça. Basta lembrar que seus pressupostos paradigmáticos – competitividade, apropriação privada da riqueza e soberania do mercado – são antagônicos aos princípios socialistas (e evangélicos) de solidariedade, partilha, defesa dos direitos dos pobres e da soberania da vida sobre os bens materiais.

No capitalismo, a apropriação individual e ilimitada da riqueza é direito protegido por lei. E a aritmética e o bom-senso ensinam que quando um se apropria muitos são desapropriados. A opulência de uns poucos decorre da carência de muitos.

A história da riqueza no capitalismo é uma seqüência de guerras, opressão colonialista, saques, roubos, invasões, anexações, especulações etc. Basta verificar o que sucedeu na América Latina, na África e na Ásia entre os séculos XVI e a primeira metade do século XX.

Hoje, a riqueza da maioria das nações desenvolvidas decorre da pobreza dos países ditos emergentes. Ainda agora os parâmetros que regem a OMC são claramente favoráveis às nações metropolitanas e desfavoráveis aos países exportadores de matérias-primas e mão-de-obra barata.

Um país capitalista que agisse segundo os princípios da justiça cometeria um suicídio sistêmico; deixaria de ser capitalista. Nos anos 80, ao integrar a Comissão Sueca de Direitos Humanos, fui questionado, em Uppsala, por que o Brasil, com tanta fartura, não conseguia erradicar a miséria, como fizera a pequena Suécia. Perguntei-lhes: "Quantas empresas brasileiras estão instaladas na Suécia?". Fez-se prolongado silêncio.

Naquela época, nenhuma empresa brasileira operava na Suécia. Em seguida, indaguei: "Quantas empresas suecas estão presentes no Brasil?". Todos sabiam que havia marcas suecas em quase toda a América Latina, como Volvo, Scania, Ericsson e a SKF, mas não precisamente quantas no Brasil. "Vinte e seis", esclareci. (Hoje são 180). Como falar em justiça quando um dos pratos da balança comercial é obviamente favorável ao país exportador em detrimento do importador?

Sim, a injustiça social é inerente ao capitalismo, poderia alguém admitir. E logo objetar: mas não é verdade que, no capitalismo, o que falta em justiça sobra em liberdade? Nos países capitalistas não predominam o pluripartidarismo, a democracia, o sufrágio universal, e cidadãos e cidadãs não manifestam com liberdade suas críticas, crenças e opiniões? Não podem viajar livremente e até mesmo escolher viver em outro país, sem precisar imitar os "balseros" cubanos?

De fato, nos países capitalistas a liberdade existe apenas para uma minoria, a casta dos que têm riqueza e poder. Para os demais, vigora o regime de liberdade consentida e virtual. Como falar de liberdade de expressão da faxineira, do pequeno agricultor, do operário? É uma liberdade virtual, pois não dispõem de meios para exercitá-la. E se criticam o governo, isso soa como um pingo de água submergido pela onda avassaladora dos meios de comunicação – TV, rádio, internet, jornais, revistas – em mãos da elite, que trata de infundir na opinião pública sua visão de mundo e seu critério de valores. Inclusive a idéia de que miseráveis e pobres são livres...

Por que os votos dessa gente jamais produzem mudanças estruturais? No capitalismo, devido à abundância de ofertas no mercado e à indução publicitária ao consumo supérfluo, qualquer pessoa que disponha de um mínimo de renda é livre para escolher, nas gôndolas dos supermercados, entre diferentes marcas de sabonetes ou cervejas.

Tente-se, porém, escolher um governo voltado aos direitos dos mais pobres! Tente-se alterar o sacrossanto "direito" de propriedade (baseado na sonegação desse direito à maioria). E por que Europa e EUA fecham suas fronteiras aos imigrantes dos países pobres? Onde a liberdade de locomoção?

Sem os pressupostos da justiça social, não se pode assegurar liberdade para todos.

*Frei Betto (foto) é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros.

**Fonte: Correio da Cidadania

26 setembro 2009

Poema














SAUDAÇÃO

A cada animal que abate ou come sua própria
espécie
E cada caçador com rifles montados em
camionetas
E cada miliciano ou atirador particular
com mira telescópica
E cada capataz sulista de botas com seus cães
& espingardas de cano serrado
E cada policial guardião da paz com seus cães
treinados para rastrear & matar
E cada tira à paisana ou agente secreto
com seu coldre oculto cheio de morte
E cada funcionário público que dispara contra o
público ou que alveja-para-matar
criminosos em fuga
E cada Guardia Civil em qualquer pais que
guarda os civis com algemas & carabinas
E cada guarda-fronteiras em tanto faz qual
posto da barreira em tanto faz qual lado de
qual Muro de Berlim cortina de Bambu ou
de Tortilha
E cada soldado de elite patrulheiro rodoviário
em calças de equitação sob medida &
capacete protetor de plástico &
revólver em coldre ornado de prata
E cada radiopatrulha com armas antimotim &
sirenes e cada tanque antimotim com
cassetetes & gás lacrimogênio
E cada piloto de avião com foguetes & napalm
sob as asas
E cada capelão que abençoa bombardeiros que
decolam
E qualquer Departamento de Estado de qualquer
superestado que vende armas aos dois lados
E cada Nacionalista em tanto faz que Nação em
tanto faz qual mundo Preto Pardo ou Branco
que mata por sua Nação
E cada profeta com arma de fogo ou branca e
quem quer que reforce as luzes do espírito
à força ou reforce o poder de qualquer
estado com mais Poder
E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam
& matam pela Paz
Eu ergo meu dedo médio na única saudação
apropriada

Lawrence Ferlinghetti

*Nota: Este poema foi escrito por Ferlinghetti - uma das principais referências da poesia 'beat'- na Prisão de Santa Rita (Califórnia, EUA), em 1968. Nos anos 60, essa prisão era um dos lugares para onde eram levadas as pessoas presas em demonstrações de protesto. Lá, em 1967, ficaram presas a cantora Joan Baez e sua mãe, Joan Bridge Baez, junto com outras 70 mulheres que ajudaram jovens convocados para o Vietnã a escapar do exército americano.
Tradução: Nelson Ascher

25 setembro 2009

24 setembro 2009

Golpe em Honduras (II)













Honduras: o começo do fim?

*Por Atilio A. Boron

Zelaya já está em Tegucigalpa e seu ingresso em Honduras, burlando as ‘medidas de segurança’ tomadas ao longo da fronteira, deveria marcar o começo do fim do regime golpista. São várias as razões que fundamentam esta esperança, que, sucintamente, são expostas a seguir.

Primeiro, porque os ‘gorilas’ hondurenhos, bem como seus instigadores e protetores nos Estados Unidos (principalmente no Comando Sul e no Departamento de Estado), subestimaram a massividade, intensidade e perseverança da resistência popular que, dia após dia, sem trégua, manifestou sua oposição ao golpe de Estado. Na verdade, ninguém esperava tamanha resistência, se nos ativermos à história recente de Honduras. Mas o novo rumo tomado por Zelaya – sua resposta positiva diante das significativas manifestações populares e a reorientação de sua inserção internacional nos marcos da ALBA – teve um efeito pedagógico impressionante, e desencadearam uma reação popular inesperada.

Segundo: o regime golpista demonstrou ser incapaz de romper um isolamento duplo. Internamente, evidenciando que sua base social de sustentação se reduz à oligarquia e alguns grupos subordinados à sua hegemonia, incluindo os meios de comunicação, dominados sem contestação pelo poder do capital.

Ademais, o passar do tempo, ao invés de debilitar a resistência popular, reduziu ainda mais o apoio ao regime. No âmbito internacional, o isolamento de Micheletti e seu bando é quase absoluto. Salvo pouquíssimas exceções, toda a América Latina e o Caribe retiraram seus embaixadores, e o mesmo fizeram diversos países europeus.

A mesma OEA adotou uma linha dura contra o regime e, aos poucos, os Estados Unidos passaram a ser o único apoio externo com que contava o regime. Este, no entanto, seguiu uma trajetória de maneira cada vez mais nítida: começou com a negação de vistos ao corpo diplomático, chegando a medidas cada vez mais severas contra Micheletti e seus colaboradores.

Terceiro, porque as políticas ambíguas do governo dos Estados Unidos – produto das disputas internas à administração – que facilitaram a perpetração do golpe de Estado foram lentamente definindo-se em uma direção contrária aos interesses dos usurpadores.

Se o repúdio ao golpe, inicialmente manifestado por Obama, foi em seguida atenuado por sua antiga (e atual?) rival, a Secretária de Estado Hillary Clinton, o caráter inegavelmente retrógrado de Micheletti e dos que estão à sua volta e a sucessão interminável de insultos dirigidos a Obama toda vez que a Casa Branca expressava alguma crítica a Tegucigalpa, além de sua notória incapacidade de construir uma base social, foram lentamente inclinando o fiel da balança na direção contrária à das posturas patrocinadas pela Secretaria de Estado, criando uma atmosfera cada vez mais contrária em relação aos golpistas.

Quarto e último: o regime instaurado em 28 de junho é uma séria dor de cabeça para Obama. Primeiro porque contradiz de maneira enfática suas promessas de fundar uma nova relação entre os Estados Unidos e os demais países do hemisfério. O apoio inicial ao golpe, demonstrado na resistência obstinada de Washington em caracterizá-lo como "golpe de Estado", a moderação da resposta diplomática e a indiferença frente às gravíssimas acusações de violação dos direitos humanos cometidas por Tegucigalpa produziram sérios danos à imagem que Obama queria estabelecer na América Latina e no Caribe.

A continuidade do regime golpista faria Obama parecer um político irresponsável e demagogo e, pior ainda, como incapaz de controlar o que fazem e dizem seus subordinados no Pentágono, no Comando Sul e o Departamento de Estado. E isto tem a ver com outro assunto, extremamente importante e que supera os marcos da política hemisférica: sua credibilidade no âmbito internacional. Ao demonstrar sua impotência em controlar o que se passa em seu "próprio quintal", governos de outros países – em especial China, Rússia e Índia – têm razões para suspeitar que também não será capaz de controlar os setores mais belicistas e reacionários dos Estados Unidos, para quem suas promessas de estimular o multilateralismo equivalem a uma capitulação incondicional frente a seus odiados inimigos.

Isso é particularmente grave no momento que Obama negocia com a Rússia um novo acordo de redução do arsenal nuclear dos dois países, algo tão ou mais necessário para Washington que para Moscou, por conta da hemorragia econômica produzida pelas guerras no Iraque e no Afeganistão e do incontrolável déficit fiscal norte-americano. O fracasso deste acordo teria um custo enorme sobre o orçamento público, em um momento em que esse dinheiro é necessário para afugentar os riscos de um aprofundamento da crise econômica iniciada em 2008.

Mas para convencer os russos de que seus planos de redução armamentista são viáveis, Obama tem primeiro de demonstrar que tem controle da situação e que seus falcões dentro do Pentágono não o deixarão de mãos atadas. Cada dia que Micheletti permanece no poder equivale a um mês de conversas difíceis com Medvedev e Putin, convencendo-os de que suas promessas resultarão em feitos. Pois, se não consegue controlar seu próprio pessoal em Honduras, será Obama capaz de fazê-lo quando se tratar de uma questão estratégica, vital para a segurança nacional dos Estados Unidos?

*Atilio A. Boron é diretor do PLED, Programa Latinoamericano de Educación a Distancia em Ciências Sociais, Buenos Aires, Argentina. (Traduzido por Rodrigo Mendes, jornalista do Correio da Cidadania, fonte deste artigo).

23 setembro 2009

Lula discursa na ONU


















Comunidade internacional exige volta de Zelaya ao poder, diz o Presidente Lula na ONU

Nova York - BBC Brasil - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira, em Nova York, fazendo um apelo para que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, seja reconduzido à Presidência do país centro-americano.

Durante o discurso de abertura da Assembleia – tradicionalmente feito pelo presidente do Brasil –, Lula reiterou ainda que a comunidade internacional deve estar atenta à “inviolabilidade” da embaixada brasileira na capital hondurenha, Tegucigalpa, onde Zelaya está abrigado desde a última segunda-feira.

“A comunidade internacional exige que Zelaya reassuma imediatamente a Presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha”, disse Lula, sendo em seguida bastante aplaudido pelos líderes presentes na sede da ONU.

A crise no país centro-americano se intensificou na segunda-feira, com a volta de Zelaya a Tegucigalpa.

O líder deposto se abrigou na embaixada brasileira, na frente da qual foram registrados confrontos entre manifestantes e forças do governo na última terça-feira.

Em um comunicado lido em rede nacional de TV na terça-feira, o presidente interino do país, Roberto Micheletti, afirmou que está disposto a dialogar com Zelaya desde que ele se comprometa com a realização de eleições marcadas para o fim de novembro.

“Doutrina absurda”

Embora tenha feito declarações em relação à crise em Honduras, o discurso de Lula foi dominado pela defesa de reformas em organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Afirmando que a crise econômica internacional marcou a falência “da doutrina absurda de que os mercados podem se autorregular, dispensando a intervenção do Estado”, Lula afirmou que é “imprescindível refundar a ordem econômica mundial”.

“Meu país propõe uma autêntica reforma dos organismos financeiros multilaterais”, disse.

“Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção do FMI e do Banco Mundial. Sem isso não haverá efetiva mudança e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis.”

O presidente brasileiro afirmou ainda que “não é possível que o mundo continue a ser regido pelas normas da conferência de Bretton Woods” e criticou o que chamou de “resistências em se adotar mecanismos efetivos de regulação dos mercados financeiros”.

“Países ricos resistem em realizar reformas nos organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial. É incompreensível a paralisia da Rodada de Doha, cujo acordo beneficiará sobretudo as nações pobres. Há sinais inquietantes de recaídas protecionistas. Pouco se avançou no combate aos paraísos fiscais”, disse o presidente.

Lula também defendeu reformas na ONU e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o Brasil reivindica um assento permanente, e classificou o embargo econômico contra Cuba como um “anacronismo”.

“Não é possível que as Nações Unidas, e seu Conselho de Segurança, sejam regidos pelos mesmos parâmetros que se seguiram à Segunda Guerra Mundial”, disse.

O presidente citou como exemplo de experiência de integração regional a constituição da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e disse que “um mundo multipolar não será conflitante com a ONU. Ao contrário, poderá ser um fator de revitalização da ONU”.

Mudanças climáticas e pré-sal

O último assunto abordado pelo presidente foi a necessidade de ações para reverter o aquecimento global.

Lula afirmou que o Brasil chegará à cúpula sobre mudanças climáticas que acontece em dezembro em Copenhague, na Dinamarca, com “alternativas e compromissos precisos”.

“Aprovamos um Plano de Mudanças Climáticas que prevê uma redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020. Diminuiremos em 4,8 bilhões de toneladas a emissão de CO2, o que representa mais do que a soma dos compromissos de todos os países desenvolvidos juntos. Em 2009, já podemos apresentar o menor desmatamento dos últimos 20 anos”.

O presidente disse ainda que se deve “exigir dos países desenvolvidos metas de redução de emissões muito mais expressivas do que as atuais” e apontou para a “profunda preocupação” sobre “a insuficiência dos recursos, até agora anunciados, para as necessárias inovações tecnológicas que preservarão o ambiente nos países em desenvolvimento.”

Citando as descobertas de grande reservas de petróleo na camada pré-sal, Lula ainda afirmou que o Brasil “não renunciará à agenda ambiental para ser apenas um gigante do petróleo”.

“Queremos consolidar nossa condição de potência mundial da energia verde”, disse. (Por Camila Viegas-Lee)

Golpe em Honduras















Zelaya denuncia que golpistas planejam matá-lo

TEGUCIGALPA (Reuters) - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, denunciou nesta quarta-feira que o governo interino do país tem um plano para capturá-lo e assassiná-lo, o que incluiria uma invasão à embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde ele se refugiou depois de voltar de surpresa ao país.

A volta de Zelaya esta semana para tentar recuperar o poder em Honduras, quase três meses depois do golpe militar de 28 de junho, que teve apoio de políticos e de membros da elite econômica, gera temores de que haja uma escalada de violência no país centro-americano. Na terça-feira, policiais e militares reprimiram manifestações de seguidores dele.

"Hoje estamos sendo ameaçados... Hoje (quarta-feira) à noite vai-se tomar a embaixada do Brasil", disse Zelaya ao canal venezuelano de TV Telesur, citando informações que teriam sido passadas por uma jornalista desse próprio canal, ligado ao governo de Hugo Chávez.

"Supostamente há um plano, seja de captura ou assassinato, (a jornalista) diz que já há até os legistas para declarar que é um suicídio", disse Zelaya.

O governo interino alertou que prenderá Zelaya se ele sair da missão diplomática do Brasil, que por sua vez garantiu a segurança do presidente deposto e alertou os líderes hondurenhos que não aceitará afrontas à sua embaixada. A comunidade internacional pediu calma.

"Advirto à comunidade internacional. Eu, Manuel Zelaya Rosales, filho de Hortênsia e José Manuel, não se suicida. Está vivo, lutando por seus princípios e por seus valores, com firmeza. E prefiro morrer firme que ajoelhado perante esta ditadura. E que isso fique muito claro perante esses tiranos que estão querendo governar este país pelas armas," acrescentou.

Centenas de soldados hondurenhos e policiais antimotim, alguns com máscaras e outros com armas automáticas, cercaram nesta quarta-feira o edifício da embaixada brasileira onde Zelaya se refugiou com sua família e um grupo de cerca de 40 simpatizantes.

O governo brasileiro pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que discuta a pior crise política na América Central em décadas.

O presidente interino, Roberto Micheletti, disse na terça-feira que Zelaya pode ficar na embaixada por "5 ou 10 anos, nós não vemos nenhum inconveniente de ele viver ali", sinalizando que está pronto para uma longa disputa.

Estados Unidos, União Europeia e a Organização dos Estados Americanos tentam o diálogo para restaurar o poder de Zelaya no país. O governo interino de Honduras se recusou a suavizar sua posição contra a tentativa de Zelaya de voltar ao poder.

Zelaya fez um pedido a comunidade internacional, nesta quarta-feira, para que a pressão que está exercendo sobre as autoridades realmente crie resoluções concretas.

22 setembro 2009

'Foi nota 11'



















CPI DA CORRUPÇÃO NO RS DIVULGA NOVAS GRAVAÇÕES

Mesmo com o boicote dos deputados da base yedista na AL, a CPI da Corrupção avançou ontem seus trabalhos e divulgou novos áudios (oriundos do processo movido pelo MPF, que tramita na Justiça Federal de Santa Maria) em que são protagonistas importantes aliados e ex-aliados de Yeda Crusius, como Flávio Vaz Netto, Delson Martini, José Otávio Germano, Antônio Dorneu Maciel, Marco Peixoto, Luiz Paulo Germano (Buti) e um vídeo com o ex-presidente do Detran, Sérgio Buchmann.
Leia, abaixo, matéria produzida pela da jornalista Olga Arnt, do Portal PT Sul:


Mais uma vez sem a presença de integrantes da base governista, que pela quinta vez consecutiva faltaram à sessão, a CPI da Corrupção apresentou um vídeo com parte do depoimento prestado pelo ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em agosto. O trecho trata do relato de uma conversa que Buchmann teria mantido com secretário adjunto e diretor geral da Administração e dos Recursos Humanos, Genilton Macedo Ribeiro, ocorrida na sala dos Sala dos Mapas, localizada no subsolo do Palácio Piratini. Segundo o ex-presidente da autarquia, Ribeiro ordenou que ele (Buchmann) “calasse a boca” e não falasse mais com a imprensa sobre problemas do Departamento de Trânsito. O secretário teria afirmado, ainda, que a governadora Yeda Crusius estava sendo chantageada pelo ex-marido Carlos Crusius, por Flavio Vaz Netto, também ex-presidente do Detran, e pelo ex-coordenador da campanha tucana ao governo do Estado Lair Ferst.

No depoimento, Buchmann contou que Ribeiro teria afirmado que sabia da compra da mansão pela governadora. “E a casa a gente sabia...desde a campanha, antes de assumir a gente já sabia que era assim mesmo”, teria dito o secretário.

A divisão dos dividendos da fraude no Detran também foi objeto da conversa. Ribeiro teria dito que 24% do movimento financeiro gerado pela terceirização dos serviços da autarquia, via fundações, seria dividido entre Ferst, que receberia 12%, e os demais participantes do esquema, que ficariam com percentual idêntico. Após a troca das fundações no começo do governo Yeda, Carlos Crusius teria alterado a partilha, ficando junto com a governadora com 11%, e reservando apenas 1% para Ferst. A estimativa é de que o montante desviado por mês da autarquia tenha chegado a R$ 2 milhões.

O teor da conversa mantida com Ribeiro teria sido mencionado por Buchmann ao então chefe da Casa Civil José Alberto Wenzel, que só teria mostrado surpresa com a referência à compra da mansão pela governadora e não teria dado importância às outras revelações. “Então, ele falou da Casa”, teria afirmado o ex-chefe da Casa Civil.

O vídeo-depoimento motivou o deputado Daniel Bordignon (PT) a pedir a convocação de Wenzel e solicitar para que o convite para que Buchmann compareça, espontaneamente, à CPI seja reforçado.

Áudios comprometedores

Também foram exibidos uma seleção de dez áudios liberados pela Justiça Federal de Santa Maria. As gravações de telefonemas entre réus da Operação Rodin tratam da dificuldade para “acertar a parte da propina para Lair Ferst”, da ameaça de Flávio Vaz Netto de voltar a depor na CPI do Detran e de uma reunião com a governadora Yeda Crusius para tratar do esquema fraudulento montado no Departamento de Trânsito.

Numa das interceptações, dia 28 de agosto de 2007, o deputado José Otávio Germano insistiu para que Flavio Vaz Netto transferisse para a governadora a responsabilidade de resolver a questão de Ferst, insatisfeito com a nova fórmula adotada para a divisão da propina oriunda do Detran. “Isso não é assunto teu....Por que tu não vai falar com ela lá?”, sugeriu o deputado do PP.

Vaz Netto revelou que o “o cara (Ferst) se insurgiu total”, defendeu que o assunto deveria se tratado “dentro do governo” e disse que já tinha pedido uma audiência com a governadora.

Em outro telefonema, o ex-diretor da CEEE Antônio Dorneu Maciel conversa com um homem apontado como o deputado estadual Marco Peixoto (PP). O diálogo, ocorrido no dia 29 de maio de 2007, gira em torno de uma reunião entre José Otávio Germano, a governadora e, possivelmente, Peixoto. “Só para te avisar que saímos da governadora agora... eu e o José Otávio.... foi nota 11... liga pro Zé...falamos muito em ti”, afirmou o homem identificado como o deputado estadual do PP.

A presidenta da CPI da Corrupção, Stela Farias (PT), considerou o conteúdo do depoimento de extrema gravidade. Para ela, o teor das declarações do ex-presidente do Detran, assim como de outros áudios exibidos até agora, reforça a necessidade de aprovar os requerimentos para convocar as testemunhas ligadas ao esquema fraudulento que desviou mais de R$ 40 milhões da autarquia. Ela afirmou, ainda, que a comissão de inquérito irá continuar mantendo tratativas com possíveis depoentes que se dispunham a comparecer, espontaneamente, a CPI. “Ao mesmo tempo, esperamos que a base governista se integre aos trabalhos e que o relator apresente a sua lista de depoentes e os documentos que quer requisitar”, finalizou.

*Edição e grifos deste blog

** Confira a íntegra dos 'diálogos' no blog http://zerocorrupcao.blogspot.com/

21 setembro 2009

Elton Brum da Silva














Ato público lembra o 30º dia da morte de Elton

Porto Alegre/RS - Integrantes de movimentos sociais e movimento sindical realizam ato de protesto no dia de hoje, 21/09, em Porto Alegre. A concentração será na praça da Matriz, às 17 horas.

A manifestação vai lembrar o 30º dia desde a morte do sem terra Elton Brum da Silva, assassinado com um tiro pelas costas disparado por um policial militar durante desocupação da fazenda Southall, em São Gabriel (RS). Já identificado, o nome do assassino ainda não foi divulgado.

O ato também vai cobrar a reforma agrária e o fim da criminalização dos movimentos sociais.

*Por João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato - http://www.cpers.org.br/

19 setembro 2009

Poema



















Tecendo a Manhã


1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto

Tranqueiras

















*Charge do Kayser

18 setembro 2009

'Noções de Direito...'















OS FETICHES JURÍDICOS

*Por Ruy Gessinger

Dever-se-ia, a partir dos jardins de infância, ensinar noções de Direito a todos, pela vida inteira. O Direito permeia nossa vida e conheço empresários e profissionais liberais de outras áreas, jejunos no saber do que permeia nossa vida.

Isso sem falar nos deslumbramentos de alguns comunicadores que nem idéia têm de repartição de competências e de princípios basilares do Direito.

E o povo, como se estivéssemos ainda na época das bruxas, dos feitiços, das magias, ainda se apega a bobagens.

- o ferido por um acidente de carro geme agônico no meio da estrada e sempre tem um falastrão dizendo ” não mexa antes de chegar a Polícia” - que bobagem.
- acho que vou perder a causa, eu só tenho um advogado; meu adversário contratou TRÊS… QUE INGENUIDADE.

Poucos se deram conta que o ” pacta sunt servanda” está relativizado. Os contratos devem ser cumpridos, sim:
-desde que equilibrados os contratantes
-desde que o objeto tenha sido lícito
et,etc.
Vou mandar um empregado meu registrar uma firma em seu nome, daí não tenho problemas com a Justiça do Trabalho. Asneira: o juiz vai dar risadas. Se o cara cumpria horário e havia relação de subordinação, podes te preparar…e dar outra destinação ao papelucho.

E assim é essa tolice que está pegando no meio das pessoas crédulas, que vem a ser a massa de manobra dos pulhas:
- mas esses documentos foram mandados de forma ilegal para o órgão investigador…
E daí? o que dizem os áudios? alguém negou sua voz aí? Há indícios de irregularidades? então vamos investigar.
Verdade real, gente.

Não importa que tendência partidária tenhamos, pessoal! vamos deixar para nossos filhos um Estado, um País, um Município mais decente.
É melhor morar num país decente do que nessa coisa corrupta que se enraizou no tecido social.

Informemo-nos todos sobre o Direito. Ele não é monopólio dos bacharéis.

*Ruy Armando Gessinger é Desembargador aposentado e advogado militante.

**Fonte: Blog do Ruy Gessinger: http://blog.gessinger.com.br/

17 setembro 2009

'Estão chegando perto...'



















Novos áudios revelam cinco interlocutores tratando do repasse de propina à governadora e pagamento de contas do PSDB

Porto Alegre/RS - Do Portal PTSul: Mais quatro áudios, liberados pela Justiça de Santa Maria, foram apresentados na sessão da CPI da Corrupção desta quinta-feira (17). As escutas flagram comentários de cinco interlocutores sobre o repasse de propina para a governadora, pagamento de contas do PSDB e da própria Yeda Crusius com dinheiro desviado de Detran e possíveis irregularidades no caixa da campanha tucana ao Piratini. Segundo a presidenta da comissão de inquérito, Stela Farias (PT), o conjunto de áudios contém indicações muito fortes da participação da governadora e pistas muito claras da divisão dos dividendos da fraude no Detran.

A gravidade do teor das escutas, na avaliação da parlamentar, explica a ausência dos deputados governistas na sessão. “É cada vez mais compreensível a ausência, que só pode ser creditada à negativa da base aliada em investigar para proteger os envolvidos. Vamos continuar trabalhando porque a sociedade gaúcha tem o direito de saber como funcionava o esquema e em que mãos foram parar os recursos desviados dos cofres públicos”, avisou.

O primeiro dos áudios exibidos é de um telefone entre o empresário Lair Ferst e Marcelo Cavalcante, ex-chefe do Escritório Político do Rio Grande do Sul em Brasília, morto em circunstâncias não explicadas no início do ano na capital federal. O diálogo gira em torno da carta que Ferst teria enviado à governadora, alertando sobre o risco da fraude do Detran se transformar num escândalo caso ela (Yeda) não tomasse uma providência.

Na gravação, o empresário relata uma conversa em que a governadora teria dito que “o negócio é muito complicado porque envolve os partidos e não quero me incomodar com os partidos”. Yeda teria dito ainda, conforme Lair informou a Cavalcante, que “vieram me falar que vão me dar R$ 50 mil. Se for para ganhar R$ 50 mil, eu vou acabar com tudo. Pelo que tô sabendo parece que eles estão recebendo muito dinheiro.”

Ganância do Piratini

Em outro trecho do telefonema, Ferst conta que foi chamado pelo então presidente do Detran Flavio Vaz Netto, que o informou que “fizeram um acordão para distribuir os valores entre eles e tinha ficado acertado que a parte da governadora seria R$ 170 mil”. O empresário diz a Cavalcante que “o pessoal do Palácio... é muito ganancioso... cada mês eles querem mais”. O pessoal do Palácio seria Carlos Crusius, ex-marido da governadora, Delson Martini, ex-secretário Geral de Governo, Walna Villarins Meneses, ex-assessora especial da governadora e a própria Yeda.

Lair afirmou, ainda, que a governadora “dá sinais de que está concordando com tudo”. E mais adiante comentou “ela me dá impressão que tá refém. Ou tá refém ou tá gostando da grana que tá entrando....O Flávio me disse que ela sabe de tudo... ela sabe detalhe por detalhe...ela acompanha nos mínimos detalhes tudo...”

Recado ameaçador

Em outro áudio exibido na CPI, Vaz Netto envia um recado para o relator da CPI do Detran, Adilson Troca (PSDB), por meio do assessor do PP, Sérgio Araújo. No telefonema, o ex-presidente do Detran pede que Araújo diga ao tucano está disposto à voltar à comissão de inquérito para dizer que foi pressionado por Delson Martini a readmitir Lair Ferst no esquema fraudulento para “produzir dinheiro para pagar as contas do PSDB e da governadora”. Vaz Netto queria que Troca defendesse a procuradora Andréa Vieira, que prestava assessoria à CPI do Detran e que foi flagrada passando informações das investigações para o deputado federal José Otávio Germando (PP), apontado como um dos principais beneficiários do esquema fraudulento.

Também foi apresentado telefonema entre Vaz Netto e Antônio Dorneu Maciel em que os dois implicados na fraude do Detran trocam impressões sobre o andamento dos trabalhos da comissão de inquérito. Ao comentar uma entrevista coletiva em que o deputado Fabiano Pereira (PT) apresentou cópia do contrato de aluguel do comitê da campanha da governadora, assinado pelo presidente do Bansisul, Rubens Bordini, e por Ferst, Vaz Neto comentou que “estão chegando perto.... chegando nos caras que mexeram com o dinheiro da campanha dela”. Maciel emendou afirmando que “tem qualquer coisa no Uruguai”.

Repercussões

O deputado Daniel Bordignon (PT) considera que a gravidade do conteúdo dos áudios demonstra que o movimento da base governista de não dar quórum para votar os requerimentos de convocação de testemunhas repete a tática de depoentes da CPI do Detran que ficaram em silêncio. “Os representantes do governo não comparecem para nada declarar e impedir o trabalho da CPI da Corrupção, assim como alguns réus fizeram na CPI do Detran. É o silêncio da impunidade”, frisou.

Bordignon afirmou, ainda, que o áudio da conversa entre Ferst e Cavalcante mostra que, ao contrário do que os integrantes da base aliada alardeiam, o empresário gozava da confiança da governadora. O petista citou trecho do diálogo em que Cavalcante relata pedido de Yeda para que ele (Cavalcante) não deixasse “o Lair desamparado”.

O deputado Ronaldo Zülke (PT) classificou os áudios de estarrecedores. Apesar de criticar a ausência dos governistas, Zülke considera que a “tática da obstrução” poderá ter como resultado a “aceleração do ritmo da apresentação das provas”. “Eles que fujam da verdade e continuem se negando a gerar provas contra seus partidos. É uma opção política que podem fazer. Por outro lado, a CPI poderá continuar mostrando à população gaúcha os detalhes do esquema de corrupção instalado no Piratini.”

Morte de Cavalcante

O deputado Fabiano Pereira (PP) sugeriu a formação de uma comitiva para ir a Brasília cobrar a conclusão do inquérito sobre a morte de Cavalcante. “Os áudios mostram que o ex-assessor da governadora sabia muito. E sua morte até agora não foi esclarecida”, justificou, recomendando que os parlamentares procurem a Polícia Civil, o Ministério Público e o governo do Distrito Federal. (Por Olga Arnt, do sítio PTSul)

*Edição e grifos deste blog

16 setembro 2009

Vergonha!
















Estudantes e servidores pedem impeachment de Yeda e afastamento de Coffy da relatoria da CPI da Corrupção

Porto Alegre/RS: Estudantes e servidores públicos realizaram manifestação pelo impeachment da governadora Yeda Crusius e pelo afastamento do deputado Coffy Rodrigues ( PSDB) da relatoria da CPI da Corrupção na Assembleia Legislativa. A concentração para a passeata, que se dirigiu ao Palácio Piratini, iniciou às 9h em frente ao Colégio Júlio de Castilhos, no bairro Azenha. Não houve registro de acidentes ou confronto com a Brigada Militar.

Foi estimada a participação de 2 mil pessoas, inclusive do interior do estado. A caminhada seguiu seguinte itinerário: avenida João Pessoa, avenida Salgado Filho, avenida Borges de Medeiros. A concentração terminou na Rua Jeronimo Coelho e o ato público seguiu em frente ao Palácio Piratini. Depois da manifestação, jovens e servidores percorreram os andares da Assembleia Legisltiva repetindo palavras de ordem. Eles portavam cartazes e vestiam embalagens de papel que remetiam ao pedido de afastamento de Coffy e ao impeachment da governadora.

Diversos monumentos da cidade, como o Laçador, o Monumento ao Expedicionário, a estátua do poeta Mario Quintana na Praça da Alfândega e obras na esquina das avenidas Farrapos com Avenida Brasil e na Praça da Matriz amanheceram encapuzados com sacos repetindo o mote do protesto, organizado pelo Fórum dos Servidores Estaduais. O mesmo aconteceu com a estátua de Santos Dumont, em Canoas. (Por Denise Ritter, do sítio PTSul)

15 setembro 2009

Recomendação médica



















*Via Sátiro/Hupper

Comédia de erros...
















A comédia de erros do yedismo atucanado

Cristóvão Feil, do blog Diário Gauche, escreve: 'A governadora Yeda fez o Brasil divertir-se, ontem. Fazendo o número da engolidora de fogo, lançou gritinhos histéricos à platéia do circo do Piratini. Vestida com uma indumentária supostamente referenciada na guerra civil farroupilha (1835-1845), a governadora-ré, nascida em São Paulo, prossegue com seus espetáculos diversionistas.

Cumpre um script traçado por editorial do jornal Zero Hora, da semana passada, onde é orientada a fazer olho branco ao processo de impeachment que ora tramita na Assembléia Legislativa estadual. Mas a força dos fatos e a consciência da derrota fazem-na personagem de uma longa e estafante comédia de erros.

Se algum roteirista tivesse apresentado, há três anos, o projeto de uma dramaturgia ficcional para ser encenada em cinema ou teatro, com as tramas, situações, estética grotesca (gigantescas cuias com ervas e enormes labaredas), tridentes avulsos, fantasias raras, falas e gags que a governadora Yeda tem protagonizado certamente seria considerado inverossímil, excessivamente fantasioso ou demasiadamente patético para atrair o público mais exigente. No entanto, a realidade está mostrando que é possível, sim, uma comédia de erros divertida, atual, verossímil, representável e com encenação mambembe por quase três longos anos nos palcos improvisados da política sulina.

Mas essa representação yedista tem um problema: o custo do ingresso é muito alto. A produção é cara e de dificílima auditagem. O povo sul-rio-grandense não vai querer experimentar um espetáculo tão oneroso assim, por mais quatro anos'.

Diário Gauche: http://www.diariogauche.blogspot.com/

Fotos de Daniel Marenco/Agência RBS/Folhapres

14 setembro 2009

'Infrator contumaz'


















O réu eterno

*Por Gabriel Perissé

É impossível agradar a todos. Sempre serei julgado e condenado por alguém. Serei réu eterno no tribunal da humanidade. Sempre haverá um dedo em riste apontado contra mim. Não é paranóia, é constatação. Posso provar.

Se eu faço perguntas, sou invasivo. Se não faço, indiferente eu sou.

Se eu reclamo das coisas, sou enfadonho. Se não reclamo, acomodado eu sou.

Se eu telefono com frequência, não tenho mais o que fazer. Se não telefono, que belo amigo eu sou!

Se eu ajudo os outros, sou um carente disfarçado. Se não ajudo, inveterado egoísta eu sou.

Se eu publico muitos livros, sou arrivista. Se não publico, improdutivo eu sou.

Se eu não entro em briga, sou covarde. Se eu entro, implicante é o que sou.

Se eu perdôo fácil, sou bobalhão. Se não perdoo de cara, cruel, muito cruel eu sou.

Se eu mudo de opinião, sou inconstante. Se eu a mantenho custe o que custar, doa a quem doer, cabeça-dura eu sou.

Se eu entro no grupo, sou influenciável. Se não entro, anti-social eu sou.

Se eu estou rindo à toa, sou idiota. Se me mantenho sério, também idiota eu sou.

Se eu digo que vou, e no final não vou, sou preguiçoso ou sem palavra. Se eu digo que não vou, mas depois eu vou, além de não ter palavra maluco eu sou.

Se eu quero tudo verificado, catalogado, arquivado, sou obsessivo. Se tanto faz, sou relaxado.

E assim as coisas se desenrolam e me enrolam. Minha decisão te machuca e minha abstenção te aborrece; meu aperto de mão ou é frouxo à beça ou violento demais; quando chego atrasado é terrível, se chego com antecedência, é mania de perfeição... e se me torno pontual, não fiz mais do que a minha obrigação.

Voltado para o futuro, sou um sonhador. Voltado para o passado, um nostálgico incorrigível. Preso ao presente, superficial eu sou. Resta-me sair do tempo, e então serei o perfeito alienado!

Os juízes estão atentos ao menor gesto, à palavra que deixo escapar, à que não deixo, ao movimento do olhar, ao tremor das mãos. Sou punido por ser e por não ser.

Eterno réu, não mereço o céu, o inferno me despreza, o purgatório já me expulsou.

Preciso, com este texto, denunciar os meus juízes. O que fará de mim um infrator contumaz.

*Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor.

Fonte: Correio da Cidadania

12 setembro 2009

Poema



















Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

11 setembro 2009

Chile, 11 de setembro















Em 1973, morte de Salvador Allende marca o início da ditadura militar no Chile

Em um determinado momento da prolongada visita de 24 dias que o líder cubano Fidel Castro fez ao Chile de Salvador Allende, em novembro de 1971, veio à tona a questão militar. O presidente chileno ponderou que naquele país as Forças Armadas eram tradicionalmente neutras, não se intrometiam em política, ou seja, eram estritamente profissionais. Fidel retrucou que essa postura iria ser sustentada até o dia em que os interesses da classe a qual a hierarquia militar pertence fossem tocados. “Nesse dia, tomarão posição, e será contra você”.

Salvador Allende (foto) perdeu por três vezes as eleições presidenciais, em 1952, 1958 e 1964, antes de se eleger presidente do Chile, em 1970, como candidato de uma coligação de esquerda, a Unidade Popular. Entrou para a história como o primeiro marxista a chegar ao poder pelas urnas.

Allende assumiu a presidência no dia 3 de novembro de 1970 e durante seu governo nacionalizou as minas de cobre, a principal riqueza do país. Além disso, transferiu o controle das minas de carvão e dos serviços de telefonia para o Estado, aumentou a intervenção nos bancos e fez a reforma agrária, desapropriando grandes extensões de terras improdutivas e entregando-as aos camponeses.

Entretanto, os pilares socialistas no Chile não se firmaram como queria Allende. Os Estados Unidos, envolvidos na Guerra do Vietnã, não admitiam a instauração de um segundo regime socialista em sua área de influência. As nacionalizações e estatizações adotadas pela Unidade Popular também não eram bem vistas pelas grandes corporações norte-americanas.

Além disso, fatos graves começaram a acontecer, a exemplo do assassinato do Comandante em Chefe René Schneider, substituído pelo não menos constitucionalista general Carlos Prats.

Outra dificuldade foi o fato de o governo norte-americano submeter o Chile a um bloqueio econômico informal, que impedia o país de obter empréstimos internacionais ou bons preços para o cobre, principal produto de exportação. Allende acreditava que o objetivo da medida era sufocar a economia chilena até que um levante das Forças Armadas colocasse fim a "via chilena para ao socialismo".

Para agravar a situação, em setembro de 1972 iniciou-se uma greve de caminhoneiros financiada pela CIA e comandada por Leon Vilarín, um dos líderes do grupo paramilitar neofacista Patria y Libertad. A paralisação impediu o plantio da safra agrícola no país até 1973. Com o apoio dos industriais chilenos, a estratégia era provocar o desabastecimento de artigos de primeira necessidade no Chile.

A partir daí, o clima de tensão foi ficando cada vez mais intenso, com o Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR) de um lado e o direitista Patria y Libertad de outro.

No dia 29 de junho de 1973 houve então a primeira tentativa de golpe, por meio de uma aliança entre o Patria y Libertad e os militares chilenos que pretendia tomar o Palácio de La Moneda, numa operação conhecida como El Tanquetazo.

Entretanto, a ação fracassou ao ser descoberta pela inteligência do Exército, então comandado por Prats.

Com isso, o general chegou a pedir a instauração do estado de sítio no país. A solicitação foi acatada por Allende, mas negada pelo Congresso.

Assim, a tomada do poder ficava cada vez mais iminente. O general Prats, que se recusava a participar do golpe militar, renunciou depois de uma manifestação de esposas de oficiais golpistas diante de sua residência.

Foi então que Salvador Allende nomeou um antigo militar que acreditava ser de total confiança: Augusto Pinochet.

Na madrugada de 11 de setembro de 1973, aviões militares sobrevoaram e bombardearam o palácio presidencial. Lá estava Allende, quase só. Não se dispondo a sofrer humilhações, valeu-se da submetralhadora que lhe fora presenteada por Fidel Castro para pôr fim à própria existência. Estava instaurada a sanguinária ditadura pinochetista.

Lembrança

Hoje, 36 anos depois, milhares de chilenos saíram às ruas de Santiago para lembrar a morte de Salvador Allende e o início da ditadura militar, que durou até 1990 e deixou mais de 3 mil mortos.

*Fonte: Portal Opera Mundi http://www.operamundi.net/noticias_ver.php?idConteudo=1199

**Edição e grifos deste blog

Fuga na 'CPI da Corrupção'















'Eles não boicotam a CPI, boicotam a verdade'


*Por Elvino Bohn Gass

O que se viu na sessão da última terça-feira na CPI da Corrupção, foi um show de desfaçatez protagonizado pelos deputados do PSDB, PMDB, PP, PPS e PTB, ou seja, a base de sustentação do governo Yeda na Assembleia Legislativa. Ao abrir a sessão, a presidenta Stela Farias (PT) colocou à disposição dos deputados da CPI o acesso a um conjunto de DVDs com as provas da corrupção obtidas pelas operações Rodin e Solidária. As provas foram entregues à Stela pela juíza federal Simone Barbisan, de Santa Maria. Apavorados com a possibilidade de o conteúdo dos DVDs chegar ao conhecimento do povo gaúcho, os yedistas, inicialmente, tentaram classificar as provas como ilícitas. Mas bastaram poucos minutos para que se dessem conta de que não poderia haver ilicitude num processo que se deu por solicitação formal e transparente de uma deputada a uma juíza que tomou a decisão de liberar os documentos.

ABSURDO II - Vencidos pelo absurdo do próprio argumento, os governistas partiram para uma segunda tese, não menos disparatada, de que as provas haviam sido entregues à deputada Stela e não à presidenta Stela e que, por causa disso, não poderiam ser consideradas documentos oficiais da comissão. Ora, é prerrogativa de qualquer deputado buscar informações que possam auxiliar no cumprimento do seu dever constitucional de fiscalizar o Executivo. Ainda mais quando este parlamentar, no caso a deputada Stela, é titular de uma CPI. Mais ainda: é presidenta desta CPI!

IMPEDINDO O GOLPE - Percebendo, de novo, que suas teses não sobreviveriam nem mesmo a uma ligeira análise legal, os governistas tentaram patrolar a comissão valendo-se do fato de que são maioria. Queriam que fosse colocado em votação – e eles, com maioria, aprovariam - um requerimento do relator, deputado Coffy Rodrigues (PSDB), que a pretexto de criar um método de trabalho para a comissão, na verdade era uma tentativa de limitar o tempo das inquirições, a quantidade de depoimentos e até mesmo a possibilidade de os parlamentares apresentarem novos documentos e provas à CPI. A manobra foi rapidamente identificada pela oposição que denunciou a tentativa de golpe.

A FUGA - Como a presidenta Stela manteve-se firme na condução dos trabalhos impedindo a consolidação de uma CPI “chapa branca”, os yedistas apelaram para um último e lamentável recurso: deixaram o Plenarinho retirando o quórum e impedindo, assim, a votação dos requerimentos que convocariam as primeiras testemunhas.

O POVO ESTÁ VENDO - O povo gaúcho está vendo tudo isso e sabe que as provas que chegaram à CPI são lícitas, que o fato de terem sido levadas à comissão pela deputada Stela é legítimo e que a retirada de quórum por parte dos governistas não foi um ato de protesto, mas de covardia. Não conseguindo impedir que as provas chegassem à CPI, só restou aos deputados do PSDB, PMDB, PPS, PP e PTB arrumar uma desculpa para não se verem confrontados com as vozes e os depoimentos de seus amigos e correligionários flagrados em duas fraudes que causaram um rombo de cerca de R$ 344 milhões aos cofres públicos.

É este – o medo da verdade, o medo das provas – o único e real motivo para toda a escaramuça dos governistas. O boicote que eles estão tentando fazer não é a CPI, é à verdade.

*Elvino Bohn Gass (foto) é deputado estadual, líder da bancada do PT na AL/RS - (Do Blog do Bohn Gass)

(Edição deste blog)

Coluna C & A















Crítica & Autocrítica – nº 59

* “Não há dúvida do esquema criminoso que desviou recursos públicos. E há sérios indícios que relacionam a chefe do Poder Executivo com o processo de corrupção no Detran além de outras irregularidades que podem caracterizar improbidade administrativa e crime de responsabilidade”. Palavras do presidente da AL, deputado Ivar Pavan, ao acatar o pedido de impeachment contra a gov. Yeda Crusius.
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* Pois a ‘bancada yedista’ (PSDB & Cia) está produzindo vexames sobre vexames na CPI da Corrupção, instalada na AL, que investiga barbaridades (para não dizer outra coisa) cometidas contra o Erário público gaúcho. O comentário a seguir foi retirado do blog CloacaNews http://cloacanews.blogspot.com/ . Vejam só o que aprontaram os ilustres deputados governistas: “ Durante o debate que antecedeu à manobra, esse grupo de lorpas e chapetões esbanjava valentia ao tentar intimidar a deputada Stela Farias, presidenta da Comissão. Estufavam o peito, falavam de dedo em riste, vociferavam, coléricos, com o único e indisfarçável propósito de melar qualquer investigação sobre a roubalheira que corre solta no Rio Grande do Sul desde o início da administração tucana. Bastou, porém, Stela passar ao início da votação dos requerimentos para a convocação de depoentes, a manada debandou num átimo. Foi aquele tropel, que nos evocou a imagem de cães sarnentos fugindo da "carrocinha".”
(...)
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* Semana passada fui convidado pelo meu amigo ver. Adeli Sell (petista, vice-pres. da Câmara de Vereadores da capital dos gaúchos) para participar de importante evento no Trensurb (vide foto acima). Na ocasião, a Biblioteca Livros Sobre Trilhos, localizada na plataforma de embarque da Estação Mercado da Trensurb, premiou seu milésimo associado, dentro da promoção Associado nº 1000 – Leitura Construindo Desenvolvimento e Cidadania. O vencedor foi o psicólogo Silvio Cesar Bungi, que se associou há menos de um mês, e que já retirou o primeiro livro. O diretor-presidente da Trensurb, Marco Arildo Cunha, presente na premiação, destacou que "promoções como essa mostram a confiança dos usuários no serviço da empresa e a preocupação da Trensurb com seus usuários".
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* Como prêmio, Silvio Bungi recebeu um DVD e um livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Além disso, o milésimo associado foi homenageado com uma carteirinha comemorativa, que ficará em exposição na biblioteca. Para ele, "a literatura é a melhor forma de conhecer o mundo, e projetos como o da Biblioteca Livros Sobre Trilhos são muito importantes para abrir possibilidades, abrir horizontes". Parabéns ao homenageado - e à direção do Trensurb pela feliz iniciativa!
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* Lembram do caso daquela família que foi presa em Santiago na véspera de Natal do ano passado, acusada de tráfico de drogas etc.? Pelo que eu observei no site eletrônico do TJ/RS (proc. nº 064/20800029871), das seis pessoas inicialmente presas, uma já havia sido solta e quatro foram à julgamento e absolvidas. Duas foram condenadas, sendo que uma teve a pena comutada para prestação de serviços comunitários. Das seis pessoas presas inicialmente, apenas uma permanece presa, apesar de ter entrado com recurso. O julgamento ocorreu em 26/06/09.
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*Isso confirma a denúncia que fizemos à época da injustiça que estava sendo cometida em Santiago, onde todos os indícios apontavam para a inocência da maioria das pessoas presas naquela infeliz e truculenta ação policial. Pois, agora está comprovado: pelo menos quatro delas ficaram mais de 6 meses presas - injustamente. Quanto aos dois réus que foram condenados, enquanto o processo não transitar em julgado, não podemos olvidar que são ... presumivelmente inocentes.
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* Ainda é bom relembrar que todos eles são pobres, humildes, sem antecedentes criminais ... e que estão pagando um preço muito alto por isso, não temos nenhuma dúvida.
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*Lamentavelmente, é assim que tem sido, com pequenas exceções, a nossa justiça... ( e o aparato policial) no país inteiro: pesadíssima contra os mais pobres; dócil demais com os mais ricos.
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*Pecuária Gessinger (Unistalda/Santiago) ‘arrebentou’ na Expointer. Ruy Gessinger, eufórico, anunciou aos quatro ventos: “Que emoção. Finalmente atingimos o cume! Um ano de trabalho intenso é coroado.Nosso carneiro 53 é o GRANDE CAMPEÃO DA RAÇA E O MELHOR EXEMPLAR DA RAÇA ILE DE FRANCE !! COMPETIMOS COM ANTIGAS E TRADICIONAIS CABANHAS E GANHAMOS QUASE TUDO!” - Parabéns ao Ruy e família!
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*Leia mais sobre a Expointer e outros assuntos interessantes no Blog do Ruy Gessinger: http://blog.gessinger.com.br/
(...)
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* Pela segunda vez nos últimos dois meses, fui procurado por um grupo de companheiros, amigos e colegas que vieram me 'intimar' para que eu disponibilize meu nome para concorrer à uma vaga para a Assembléia Legislativa nas eleições do ano vindouro. A atual conjuntura política (estadual e nacional, mas também a 'interna' vivenciada pelo PT) fez com que, desta vez, eu não abdicasse 'peremptoriamente' da proposta que, aliás, muito me honra. Me comprometi com eles que irei analizar essa possibilidade com carinho e, sobretudo, com muita responsabilidade.
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* Programa ‘Minha Casa Minha Vida ‘ acelerando também em Canoas: nesta semana, mais 480 cidadãos formalizaram adesão ao programa. O PAC local também vai de ‘vento em popa’...
...

*Aviso aos navegantes: nosso endereço no Twitter é: http://twitter.com/juliocsgarcia
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* Blog 'O Boqueirão' superou na semana passada a marca dos 100.000 (cem mil) acessos. Sem dúvida, uma conquista que deve ser compartilhada por todos aqueles que militam - e acreditam - na 'mídia livre' como alternativa real ao PiG (partido da imprensa golpista) – e para bem informar nosso povo. (Por Júlio Garcia, especial para ‘O Boqueirão’)

*Crítica & Autocrítica - 'coluna eletrônica' que publico (i)regularmente no Blog 'O Boqueirão' - Leia a coluna completa em: http://oboqueirao.zip.net/

**Na foto acima (da assessoria de imprensa do Trensurb), da esquerda para a direita: Júlio Garcia, Marco Arildo (pres. do Trensurb), Silvio César, Teresinha, ver. Adeli Sell, Paulo Renato e Graça (func. Trensurb).

10 setembro 2009

RS: Acatado pedido de 'impeachment'
















Presidente da AL acata pedido de 'impeachment' da governadora Yeda Crusius

Porto Alegre/RS - O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan, acatou o pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius feito pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais do RS, alegando crime de responsabilidade enquadrado na Lei Federal n.º 1.079/50, artigo 9.º, nos itens 3, 4, 6 e 7.

Após analisar os 25 volumes com mais de seis mil páginas da Ação Civil Pública que tramita na Justiça Federal, foram encontrados pelo menos 26 pontos no processo que vinculam a chefe do Executivo ao suposto esquema que desviou mais de R$ 40 milhões do Detran. A análise foi feita pelo parlamentar juntamente com a equipe de assessoramento técnico que analisou documentos e escutas telefônicas reunidas pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Poder Judiciário.

A posição adotada pela presidência quanto ao suposto envolvimento da governadora se baseia em pelo menos dois eixos: o conhecimento dos fatos relacionados à gestão do Detran e na decisão do modelo e ações do governo em favorecer o esquema criminoso. Os pontos que vinculam a governadora ao esquema de desvios de recursos foram verificados em escutas telefônicas ainda sob sigilo, depoimentos à Polícia Federal e à sindicâncias da Procuradoria Geral do Estado de membros do governo muito próximos da chefe do Executivo.

Nas escutas realizadas, réus da CPI do Detran referem de maneira direta que a governadora tinha conhecimento dos fatos e relacionam o esquema com o centro do governo. Os dados disponíveis no material recebido da Justiça Federal mostram que pelo menos em três momentos distintos, há indícios que a governadora tinha, pelo menos, conhecimento dos problemas, senão uma participação direta na sua condução.

Diante disso, o presidente do Legislativo solicitará ao plenário que faça o exame aprofundado da situação para dar andamento ao processo de impeachment diante da responsabilidade constitucional do Parlamento de fiscalizar os desvios do poder Executivo.

“Não há dúvida do esquema criminoso que desviou recursos públicos. E há sérios indícios que relacionam a chefe do Poder Executivo com o processo de corrupção no Detran além de outras irregularidades que podem caracterizar improbidade administrativa e crime de responsabilidade”, observa Pavan.

O deputado aponta que não se trata de pré-julgamento, mas da responsabilidade do parlamento diante do seu papel institucional de preservar valores éticos e os critérios da boa gestão pública. “A abertura do processo de impeachment representa o compromisso da Assembleia com o resgate dos princípios republicanos. Não podemos ficar omissos diante da gravidade desta conduta”. (Por Stela Pastore, do sítio PTSul) http://www.ptsul.com.br/

09 setembro 2009

CPI da Corrupção torpedeada


















Da arte da prevaricação

*Por Marco Aurélio Weissheimer


A segunda sessão da CPI da Corrupção, realizada nesta terça-feira, deixou claro a todos que assistiram à reunião transmitida ao vivo pela TV Assembléia, que os deputados da base do governo Yeda Crusius (PSDB) não estão nem um pouco preocupados com questões relativas ao plano de trabalho da CPI ou ao regimento da Casa. O objetivo é um só: impedir que a CPI funcione, barrar a convocação de testemunhas e, acima de tudo, evitar que a população gaúcha tenha conhecimento, através dos trabalhos da comissão, dos documentos e provas liberados pela Justiça Federal, relativos à fraude no Detran. Para atingir esses objetivos, instaurou-se um clima de vale tudo por parte da base aliada. Qualquer coisa era motivo para uma questão de ordem ou de esclarecimento, por meios das quais seus proponentes queriam qualquer coisa, menos ordenar ou esclarecer.

A mera leitura, pela presidente Stela Farias, de um documento de uma central sindical encaminhado à CPI já foi motivo de questionamento. Em seguida, o nome da CPI foi questionado pelos governistas que não aceitam a presença da palavra “corrupção”. Derrotados na batalha da semana passada pela liberação dos documentos da Operação Rodin para a CPI, os deputados da base governista, liderados pelo relator Coffy Rodrigues (PSDB), fizera uma última tentativa para evitar que os mesmos fossem utilizados na comissão. Na reunião desta terça sofreram uma nova derrota. E foram derrotados pelo regimento da Assembléia que define claramente a prerrogativa do presidente de uma CPI definir o roteiro de trabalho da comissão. A confissão da derrota partiu do próprio relator que, em certo momento, recorreu, não mais ao regimento, mais à “tradição da Casa” para reivindicar para si essa prerrogativa.

Não é preciso muito esforço para imaginar o que seria a CPI com o plano de trabalho de Coffy. O deputado tucano nega a própria existência de alguma corrupção a ser investigada. “Essa não é a CPI da Corrupção, é a CPI do PT”, disparou o parlamentar que sequer assinou o requerimento para a criação da comissão. Foi cobrado diretamente pelo deputado Ronaldo Zulke (PT), que apontou a gravidade da situação onde o relator da CPI não quer investigar nada. Já o deputado Raul Carrion (PC do B) lembrou o requerimento de criação da comissão, assinado pelos parlamentares. Logo no início, define que uma das tarefas da CPI é analisar os documentos e provas resultantes das investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Justamente o que os deputados governistas querem evitar. E ao fazerem isso, assinalou o deputado Elvino Bohn Gass (PT), estão cometendo o delito de prevaricação, assim definido no artigo 319 do Código Penal:

“Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.

Segundo o jurista Magalhães Noronha, a prevaricação é uma infidelidade ao dever de ofício, à função exercida. “É a não realização de conduta obrigatória, através de não cumprimento, retardamento ou concretização contra a lei, com a destinação específica de atender a sentimento ou interesse próprio”. Conforme essa definição, o prevaricador torna-se infiel ao próprio cargo. O comportamento dos deputados governistas até aqui vem fornecendo uma nítida ilustração da lição do dr. Noronha. Assim que Stela Farias colocou em votação os primeiros requerimentos para convocação de testemunhas, saíram da sala, retirando o quórum da sessão e reforçando a impressão de que querem distância de qualquer coisa que cheire à investigação.

*Marco Aurélio Weissheimer é jornalista, editor do blog RS Urgente

**Fonte: Blog RS Urgente

***Gravura: Sátiro-Hupper

08 setembro 2009

'Duas concepções de Estado'...
















Elites neoliberais e privatistas mostram mais uma vez a sua cara

*Por José Celestino Lourenço

Para nós que lutamos, incansavelmente, pela democratização do Estado na perspectiva de radicalizarmos a efetivação do seu caráter público, baseado em políticas públicas universais e na participação popular, não é novidade o enfrentamento cotidiano com os setores entreguistas do patrimônio nacional que não fazem nenhuma questão de expressarem, cada vez mais a sua simpatia aos interesses econômicos do capital internacional. Está cada vez mais claro que a disputa em torno da concepção de Estado está no centro dos embates que culminará nas eleições de 2010. Mesmo com todo o desgaste que as bases do Consenso de Washington vêm sofrendo decorrente da atual crise mundial, o qual foi a principal referência no período desastroso de FHC.

Mesmo com a reviravolta nas políticas econômicas que vem sendo adotadas nos países centrais do capitalismo, particularmente nos EUA, onde recursos do Tesouro, portanto, recursos públicos, estão sendo utilizados para salvar bancos e empresas privadas, coisa "impossível" de ser concebida pelo liberalismo conservador até um ano atrás.

Mesmo com o apelo (e olha que não se trata de "delírios" esquerdistas como sempre nos acusaram) por parte dos Organismos Internacionais como o FMI e o BIRD, entre outros, no sentido de que é necessário se repensar o papel dos Estados Nacionais no que tange a busca de um novo padrão de desenvolvimento, com sustentabilidade econômica, ambiental e social, PSDB e DEM(ex-PFL), com suas posições retrógradas, insistem na lógica da privatização, da entrega da riqueza nacional e na participação mínima do Estado na indução do desenvolvimento.

Tal visão, conservadora e retrógrada, dos neoliberais de plantão, está na base da posição do PSDB e do DEM (ex-PFL) em relação ao pré-sal, cuja definição do ponto de vista da sua exploração e gestão envolvem, evidentemente, uma concepção de Estado e de Sociedade. Não por outra razão, é que líderes dos pseudos sociais-democratas (PSDB) e dos democratas liberais conservadores (DEM - ex-ARENA e ex-PFL), tanto no Senado quanto na Câmara, dizem que sem a participação do capital privado, não aceitam discutir nenhum projeto que diz respeito ao pré-sal.

Sabemos que a descoberta do pré-sal representa a possibilidade real do Brasil avançar em passos largos na superação do quadro de pobreza que ainda atinge milhões de crianças, homens e mulheres em nosso país. Significa a possibilidade de termos um Estado com mais capacidade de investimento em políticas públicas que, de fato, sejam instrumentos de promoção da cidadania ativa. E que, fortalecer o papel da Petrobrás como empresa estatal com caráter 100% público, torna-se fundamental no sentido de se impedir que os recursos oriundos da exploração do pré-sal sejam apropriados pelo capital internacional, perdendo o Brasil a oportunidade de alavancar um novo projeto de desenvolvimento que reforce seu protagonismo na defesa de um novo projeto de nação em âmbito internacional, de forma soberana.

Para nós, são esses aspectos que demarcam os campos onde nos localizamos no espectro da disputa política atual em nosso país e os setores entreguistas revestidos de sociais democratas (PSDB) e de democratas liberais (DEM), cujo passado de ARENA e PFL querem que esqueçamos. O pré-sal não é de Dilma, como escreveu Sérgio Malbergier, colunista da Folha de São Paulo, querendo passar à sociedade uma visão partidária da disputa que o envolve. O pré-sal é do povo brasileiro, daqueles que lutaram na campanha "o petróleo é nosso", cuja exploração e gestão, desde aquela época, estrategicamente, continha o viés da defesa da soberania do Brasil frente aos interesses das grandes corporações internacionais que atuam neste setor. Setores esses que investem pesadamente em lobby tentando, nos bastidores, garantir a retomada do modelo privatizante da "era FHC".

Por isso, queremos deixar claro que a defesa da Petrobras e da soberania do Brasil na exploração e gestão do pré-sal, assim como a defesa da criação de um fundo social para investimentos em políticas públicas de promoção da cidadania, faz parte não de uma campanha partidária e corporativista, mas de uma estratégia de disputa em torno de duas concepções de Estado extremamente distintas e que interessa ao conjunto da sociedade. Uma que têm como perspectiva o fortalecimento da democracia, a participação popular, o bem-estar comum do povo, a distribuição de renda, a promoção da cidadania ativa. E outra, que privilegia o capital privado, a concentração da riqueza, os interesses das corporações transnacionais, que pretendem surrupiar ainda mais o suor da classe trabalhadora brasileira.

Saudamos assim, o Projeto de Lei 5891/2009 entregue na Câmara dos Deputados pelos companheiros da FUP, CUT e pela Coordenação dos Movimentos Sociais, cujas propostas vêm na direção de fortalecer a Petrobras 100% publica e estatal, condição para avançarmos na conquista de um outro padrão de desenvolvimento sustentável. Como frisou o companheiro Moraes, coordenador da FUP, a apresentação deste Projeto de Lei na Câmara foi o primeiro passo. Agora o desafio é ganharmos corações e mentes da população para grandes mobilizações em defesa da Petrobras e do Brasil que sonhamos.

*José Celestino Lourenço é secretário nacional de Formação da CUT

**Fonte: sítio da Central Única dos Trabalhadores - CUT Nacional

(Grifos e edição deste blog)

06 setembro 2009

'A Independência se faz no dia-a-dia'














'A independência não é um quadro na parede nem um grito congelado na história'

Trecho do pronunciamento do Presidente Lula, hoje à noite, em rede nacional:

(...) Minhas amigas e meus amigos,

Este é um governo que acredita no Brasil e no que ele tem de mais rico: o seu povo.

É por isso que propomos que os recursos do pré-sal sejam colocados em um fundo social, controlado pela sociedade, e que será aplicado, majoritariamente, em desenvolvimento humano. De um lado, o novo fundo será uma mega-poupança, um passaporte para o futuro, que nos ajudará, entre outras coisas, a pagar a imensa dívida que o País tem com a educação e a pobreza.

De outro lado, funcionará, também, como um dique contra a entrada desordenada de dinheiro externo, evitando seus efeitos nocivos e garantindo que nossa economia siga saudável, forte e baseada no trabalho e no talento de nossa gente.

Todos estes temas estão agora em discussão no Congresso Nacional e eu sei que contaremos, mais uma vez, com o apoio livre e soberano do Legislativo na construção deste novo Brasil.

Uma ação desta amplitude só pode ocorrer, de forma saudável, em um ambiente democrático. A democracia é o ambiente mais saudável para o crescimento.

O embate e a paixão política fazem parte do universo democrático, mas não podemos deixar que interesses menores retardem ou desviem a marcha do futuro.

Uma democracia só se fortalece com a participação da sociedade. Por isso se mobilize, converse com seus amigos, escreva pra seu deputado, seu senador, pra que eles apoiem o que é melhor para o Brasil.

O Brasil não tem medo de crescer, nem de buscar os melhores caminhos. Não vai ficar preso a dogmas, a modelos fechados ou a falsas verdades.

O Brasil acredita no livre mercado mas também no papel do estado como indutor do desenvolvimento. E saberá sempre buscar o equilíbrio que garanta o melhor para seu povo.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

É tempo de ampliarmos, ainda mais, a nossa esperança no Brasil. A independência não é um quadro na parede nem um grito congelado na história. A independência é uma construção do dia-a-dia. A reinvenção permanente de uma nação. A caminhada segura e soberana para o futuro.

Viva o 7 de setembro! Boa noite!

Luis Inácio Lula da Silva

*Leia e/ou assista ao pronunciamento completo do Presidente Lula no Blog do Planalto: http://blog.planalto.gov.br/

05 setembro 2009

Poema



















La cogida y la muerte

A las cinco de la tarde.

Eran las cinco en punto de la tarde.

Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.

Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.

Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.

El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.

Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.

Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.

Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.

Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.

Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.

En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.

¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.

Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,

cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,

la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.

A las cinco de la tarde.

A las cinco en punto de la tarde.

Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.

Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.

El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.

El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.

A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.

Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.

Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,

y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.

A las cinco de la tarde.

¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

Federico Garcia Lorca

***

A captura e a morte

Às cinco horas da tarde.

Eram cinco da tarde em ponto.

Um menino trouxe o lençol branco

às cinco horas da tarde.

Um cesto de cal já prevenida

às cinco horas da tarde.

O mais era morte e apenas morte

às cinco horas da tarde.

O vento arrebatou os algodões

às cinco horas da tarde.

E o óxido semeou cristal e níquel

às cinco horas da tarde.

Já pelejam a pomba e o leopardo

às cinco horas da tarde.

E uma coxa por um chifre destruída

às cinco horas da tarde.

Os sons já começaram do bordão

às cinco horas da tarde.

As campanas de arsênico e a fumaça

às cinco horas da tarde.

Pelas esquinas grupos de silêncio

às cinco horas da tarde.

E o touro todo coração ao alto

às cinco horas da tarde.

Quando o suor de neve foi chegando

às cinco horas da tarde,

quando de iodo se cobriu a praça

às cinco horas da tarde,

a morte botou ovos na ferida

às cinco horas da tarde.


Às cinco horas da tarde.

Às cinco em ponto da tarde.


Um ataúde com rodas é a cama

às cinco horas da tarde.

Ossos e flautas soam-lhe ao ouvido

às cinco horas da tarde.

Por sua frente o touro já mugia

às cinco horas da tarde.

O quarto se irisava de agonia

às cinco horas da tarde.


A gangrena de longe já se acerca

às cinco horas da tarde.

Trompa de lis pelas virilhas verdes

às cinco horas da tarde.

As feridas queimavam como sóis

às cinco horas da tarde,

e as pessoas quebravam as janelas

às cinco horas da tarde.


Ai que terríveis cinco horas da tarde!

Eram as cinco em todos os relógios!

Eram cinco horas da tarde em sombra!

Tradução: Oscar Mendes

***

Nota: O andaluz Federico García Lorca (1898-1936) é a maior força poética da Espanha no século XX. Ele escreveu o texto "A Captura e a Morte" ("La Cogida y la Muerte"), transcrito acima, que constitui a primeira parte do poema "Pranto por Ignacio Sánchez Mejías", de 1935. Trata-se de uma homenagem a Mejías, um dos mais famosos toureiros espanhóis, morto em 1934 em decorrência de uma chifrada de touro. Sanchez Mejías, sevilhano, era também poeta, romancista e ator. http://www.algumapoesia.com.br