08 janeiro 2018

Se o desembargador não tem decoro, por que sua auxiliar teria?



Por Fernando Brito*
Folha publica a declaração da assessoria do  presidente Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Eduardo Thompson Flores, defendendo a sua chefe de gabinete, Daniela Tagliari Kreling Lau, que promove campanha pela condenação de Lula nas redes sociais.
A D. Daniela tem o direito de achar o que quiser, embora seja difícil supor que o doutor Flores fosse ser assim tão indulgente se ela defendesse o ex-presidente, não é.
O caso não é de liberdade de expressão. É, nitidamente, de falta de decoro. Se alguém exerce uma função pública – e mais ainda, comissionada – no Judiciário, é óbvio que tem de se abster de manifestações sobre processos pendentes de julgamento, ainda mais na seção judiciária em que atua.  O comportamento, moral e eticamente condenável, porém, é resultado da porteira que seu chefe, o Dr. Flores, abriu ao se manifestar publicamente sobre o que chamou de “sentença tecnicamente perfeita” de Sérgio Moro contra Lula.
D. Daniela, portanto, atola-se no pântano do indecoroso seguindo as pegadas do chefe neste lodaçal que horrorizaria qualquer juiz há 10 anos atrás, apenas.
Mas é pior. Conheço, por experiência pessoal e familiar, o comportamento de serventuários/as da Justiça, inclusive de ocupantes de funções gratificadas. Não põem a mão em cumbuca e  se arriscam a perder os benefícios da posição alcançada. Teve, no mínimo, o “sinal verde” de seu chefe, quando não o estímulo.
Do contrário, seria uma “festa”, com qualquer secretário de juiz espalhando no Facebook quem deveria ser condenado e quem mereceria ser absolvido nos processos de cada juízo.
Ou, ao que parece, a “festa” já está instalada. E para quem não se dá ao respeito, é impossível pedir que seja respeitado.
*Jornalista, Editor do Tijolaço

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