02 maio 2024

"O governo federal estará 100% à disposição do povo do Rio Grande do Sul", diz Lula

Acompanhados de ministros, militares e representantes da Defesa Civil, o presidente Lula e o governador Eduardo Leite realizaram uma reunião para tratar das enchentes no estado

Renan Filho, Paulo Pimenta, Lula e Rui Costa (Foto: Mauricio Tonetto/Secom)

247* - O presidente Lula (PT), que visitou Santa Maria (RS) nesta quinta-feira (2), garantiu que o governo federal prestará todo o apoio necessário ao governo do Rio Grande do Sul para, neste momento, auxiliar no resgate às vítimas das enchentes e, depois, na reconstrução das cidades e na mitigação dos danos causados pelas cheias. "Queria prestar minha solidariedade ao povo do estado do Rio Grande do Sul, que é um povo conhecido nacionalmente como um povo trabalhador e que possivelmente não precisava sofrer tanto em tão pouco tempo. Solidariedade aos familiares das pessoas que foram vítimas e que morreram por conta desse desastre extremo e aos familiares dos que estão desaparecidos, na esperança de que eles possam aparecer e de que todos estejam ainda com vida", iniciou o presidente, lembrando que o estado sofreu também com chuvas e secas em 2023. Ele fez um alerta: "é preciso que a gente comece a ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho e amor".

Na sequência, Lula fez garantias sobre o papel do governo federal na superação da crise. "A gente não vai permitir, como não permitimos no Vale do Taquari, como não permitimos quando houve a seca aqui no Rio Grande do Sul, que faltem recursos para que a gente possa reparar os danos causados, na época pela seca, depois pela chuva e agora pela chuva. O governo federal estará 100% à disposição do Rio Grande do Sul, do povo do Rio Grande do Sul, para atender com material humano, com trabalho, com eficiência e com recurso, que sei que vai ser necessário, para que a gente possa reparar os prejuízos".

"No primeiro momento a gente só tem que salvar vidas, cuidar das pessoas. No segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, pensar em como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos. Não faltará da parte do governo federal ajuda para cuidar da saúde. Não vai faltar dinheiro para cuidar da questão do transporte. Não vai faltar dinheiro para cuidar da questão dos alimentos. Tudo que estiver ao alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou dos nossos militares, a gente vai dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender às necessidades básicas do povo que está isolado por causa da chuva. Eu sei que são muitas estradas, muitas pontes, muitas casas. Lamentavelmente a gente só não pode prometer recuperar a vida das pessoas, porque não está ao nosso alcance. Mas a gente vai tentar minimizar o prejuízo de todas as pessoas", acrescentou. 

O presidente ainda disse que estará torcendo para que as chuvas no estado cessem. "Como ser humano, eu vou rezar, e rezar muito, para que a chuva possa parar, para que as pessoas possam voltar para suas casas, para que as pessoas possam se reencontrar e viver suas vidas tranquilamente e em harmonia com a família. Como governante, vou fazer o que estiver ao alcance do governo federal e suas instituições para que a gente possa dar ao Rio Grande do Sul e ao povo gaúcho tranquilidade, para que a gente possa viver com muito respeito cuidando da nossa família". Lula disse, ainda, que enfrentou muitas enchentes, mas nunca da magnitude registrada no estado gaúcho.

“Eu nunca vivi isso, mas eu tenho noção do que é o desespero dos seres humanos perdendo parentes, perdendo casa, perdendo a produção. Eu já tive muitas enchentes na minha vida, mas nunca dessa magnitude. Eu já morei em bairro que entrava 1,5 metro de água em casa. A gente perdeu tudo, e muitas vezes a prefeitura dava um colchão de capim para a gente dormir até a gente arrumar dinheiro para comprar outro colchão. Diga para o seu povo [prefeito] que o governo federal, o governo estadual, e com todo o esforço que a gente puder fazer, a gente vai estar junto para minimizar o sofrimento de cada família. O que nós queremos é não medir esforços para que a gente possa garantir que as pessoas voltem a viver dignamente, a trabalhar dignamente, a reconstruir suas casas”, afirmou. 

“De preferência, não deixe as pessoas construírem casas onde tem problema de enchente. Se puder, a prefeitura facilite um terreno para a pessoa construir casa. O ministro das Cidades, depois que tiver um levantamento feito, espero que ache uma reunião com todos os prefeitos atingidos para a gente saber os prejuízos de cada cidade, para a gente saber quantas casas tem que fazer, e tomar cuidado para as casas não serem feitas no mesmo lugar. Então, prefeito, diga para o seu povo: olha, a gente vai ter parceria para cuidar de vocês. Nós não estamos sozinhos”, completou.

Ainda conforme o presidente, “esse país voltou a ser humanizado, voltou a conhecer a palavra ‘fraternidade’, a palavra ‘solidariedade’. Eu nunca me preocupei em perguntar para o prefeito de que partido ele é. O que eu quero é saber que se o povo tem um problema, a obrigação do governo federal é ajudar a solucionar esse problema. Diga isso para o seu povo, que eles terão a parceria do governo federal para recuperar a cidade e o prazer pela vida. O que vai melhorar a cabeça das pessoas é não perderem a esperança de que eles vão recuperar a dignidade plena como seres humanos”.

*Fonte: Brasil247

30 abril 2024

LUTAR SEMPRE! 1° de Maio: o desafio é transformar sonhos em conquistas

O Dia do Trabalhador é um momento importante para a classe trabalhadora se mobilizar pelas lutas para a criação de emprego e renda no país

Sim, o povo está arregaçando as mangas na reconstrução do Brasil e quer ser reconhecido

Por Duda Quiroga* – Dia do trabalhador e da trabalhadora, 1° de Maio chegando. E quais são as nossas lutas hoje? Qual o diálogo que nos cabe estabelecer com os patrões e com os governos?

A música já diz: “A gente quer comida, diversão e arte”. Sim, o povo está arregaçando as mangas na reconstrução do Brasil e quer reconhecimento. Quer seguir tendo esperança em dias melhores. Não entende a possibilidade posta de acabar com os mínimos constitucionais para saúde e educação. Para barrar mais este desmonte do Estado, é preciso ação e diálogo com governo, parlamentares e patrões.

Nós, da CUT, fomos acusados por alguns de não fazer luta nos dois primeiros governos Lula. Mas, de cara, se esquecem que organizamos cinco marchas da classe trabalhadora a Brasília nesse período, como faremos agora, reivindicando manter e avançar em direitos para a classe trabalhadora.

Essas mobilizações contribuíram, inclusive, para o salário mínimo dobrar em oito anos. E mais: os mesmos críticos não contam que no Lula 1 e Lula 2, nós, trabalhadoras e trabalhadores, tínhamos ganho real nas mesas de negociação com o patronato. Nós, empregados, conquistamos a participação nos resultados nas empresas.

Foram conquistas que combinavam mesas de negociação com pressão nas ruas e greves, quando o diálogo era interrompido e era necessário destravar a mesa. Enfim, foram avanços só possíveis com luta, estratégia, formação e sabedoria.

Emprego e renda

É fruto desse momento da nossa história provar a teoria de que quando o salário mínimo cresce além da inflação e à luz do crescimento econômico, ele na verdade gera a possibilidade de criar novos postos de trabalho. Por quê? Porque ele aquece a economia, porque os trabalhadores e trabalhadoras que ganham mais podem consumir mais, porque aumentam suas rendas. Então, a redistribuição de renda gera um novo mercado consumidor, com capacidade de compra, com valorização, e isso vai ajudando nesse processo de aquecimento da economia, criando novos postos de trabalho.

Hoje, além dessa lógica, a gente vê como estratégia de gerar emprego e renda a retomada de obras paralisadas nos últimos dois governos. Há perspectiva da construção de novas escolas, institutos, hospitais, casas populares, etc. Então, não é só o emprego direto na obra, que é um trabalho temporário, mas também as ocupações indiretas em toda a cadeia e o giro da roda da economia.

A gente ainda está vendo a retomada da nossa indústria e toda a pauta da transição de matriz energética que vem se consolidando. Enfim, ainda que a informalidade esteja muito grande, o governo Lula já voltou a criar postos de trabalho, o que permite ao povo ter esperança.

Questão da tecnologia

Outro assunto importante quando discutimos postos de trabalho nos tempos atuais é o avanço da tecnologia, se ela vai tomar os nossos empregos. Aqui também cabe pensar o papel do Estado na sociedade. Um possível recurso seria estimular e valorizar a economia de cuidados, remunerar aqueles e aquelas que cuidam dos familiares, que adoecem, que envelhecem ou que são muito jovens.

A mesma sociedade que teme extinção de postos de trabalho e que luta por trabalho decente convive com trabalho análogo à escravidão. E aí vale ressaltar que, no primeiro ano do governo Lula, agora, em 2023, mais de 3 mil pessoas foram resgatadas desse tipo de situação de trabalho análogo à escravidão, seja na área rural, no setor de produção ou nas casas das famílias. É preciso que a gente denuncie sempre que souber ou desconfiar. E que um patrão que faça isso seja exemplarmente punido nos termos da lei. É urgente que nos livremos desse mal que degrada homens e mulheres, assim como a imagem do Brasil perante a comunidade internacional.

Negociação coletiva para servidores

Por falar nas relações internacionais, no final do último ano do segundo governo Lula, em 2010, o Brasil ratificou a convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho, que trata do direito à negociação coletiva para servidores públicos. Porém, passados 13 anos, ainda falta aprovar uma legislação nacional e de estados e municípios que garantam de forma eficaz esse direito. Afinal, é importante valorizar aquelas e aqueles que fazem o Estado.

O esperançar que nos move aponta um 1° de Maio de celebração e luta. Sim! Que façamos shows e confraternizações no nosso dia e sigamos numa grande marcha da classe trabalhadora a Brasília, no dia 22, para defender um Brasil voltado para o povo brasileiro, com taxação das grandes fortunas, valorização dos servidores e servidoras e investimentos que gerem emprego, trabalho, renda e dignidade humana.

Isso não é pedir muito. São sonhos que, na luta, vamos transformar em conquistas.


*Duda Quiroga é professora, psicopedagoga e membro da Executiva Nacional da CUT (dirigente do SinproRio, Sepe e CNTE)

-Via RBA

29 abril 2024

RESPOSTA: ‘Meu pai é um herói popular’, afirma filho de João Cândido

Adalberto Cândido, conhecido como seu Candinho, rebateu posicionamento oficial da Marinha contrário à inclusão do líder da Revolta da Chibata no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria

(Prefeitura de São João do Meriti)
(Prefeitura de São João do Meriti)
João Cândido, líder da Revolta da Chibata

São Paulo – O único filho vivo de João Cândido, líder da Revolta da Chibata, criticou o posicionamento da Marinha de se colocar contra a inclusão de seu pai no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. “Parece que nutrem um ódio. Eles deviam agradecer aos marinheiros por terem feito a Marinha evoluir”, disse Adalberto Cândido, conhecido como seu Candinho, em entrevista à Agência Brasil nesta sexta-feira (26). A Revolta da Chibata ocorreu em 1910, no Rio de Janeiro, como reação a castigos corporais, como o açoite, aplicados aos marinheiros.

Seu Candinho deixou claro que a posição da Marinha não o surpreendeu. “Ela não se envolve em nenhum evento relacionado com meu pai. Quando houve a cerimônia de instalação da estátua do meu pai na Praça XV, no Rio de Janeiro, não tinha ninguém da Marinha presente”, disse. “Mas não quero que meu pai seja herói da Marinha, quero que seja um herói do povo. Meu pai é um herói popular. A verdade é que a Marinha não se atualizou como deveria”, acrescentou.

(Fernando Frazão/Agência Brasil)
Adalberto Cândido, filho de João Cândido (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Marcos Sampaio Olsen

A inclusão de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria depende da aprovação do Projeto de Lei 4046/2021, atualmente tramitando na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. Na segunda-feira (22), o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, enviou uma carta oficial endereçada ao deputado federal Aliel Machado (PV), que preside a comissão. “A Força Naval não vislumbra aderência da atuação de João Cândido Felisberto na Revolta dos Marinheiros com os valores de heroísmo e patriotismo; e sim, flagrante que qualifica reprovável exemplo de conduta para o povo brasileiro”, registra o texto. Ele, ainda, classifica o levante de 1910 como uma “deplorável página da história nacional” que se deu pela “ação violenta de abjetos marinheiros”.

Até conseguir

Em postagens nas suas redes sociais, o deputado federal Lindbergh Farias (PT), autor do Projeto de Lei 4046/2021, manifestou indignação com a posição da Marinha. “A nossa luta para ver João Cândido herói nacional não vai parar”, escreveu o deputado, compartilhando também imagens de uma visita feita a seu Candinho na sexta-feira.

Projeto de Lei 4046/2021 já foi aprovado no Senado Federal. Na Câmara dos Deputados, embora tramitando há mais de dois anos, ele ainda se encontra nas primeiras etapas. A Comissão de Cultura deve ser a primeira a analisá-lo. A deputada Benedita da Silva (PT) foi designada relatora e apresentou seu parecer em julho de 2022, mas até hoje ele não foi votado. A parlamentar se manifestou de forma favorável e considera que a inclusão de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria seria uma “reparação histórica”.

Chico Mendes, Zumbi, Santos Dumont

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é um livro de aço voltado para perpetuar, através do registro do nome, a memória dos brasileiros que se destacaram na história do país. Desde que foi criado, em 1992, já foram homenageados 64 pessoas, entre eles Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis e Santos Dumont. Ele fica depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, monumento localizado em Brasília. A inclusão de novos nomes só ocorre mediante aprovação de lei pelo Congresso Nacional.

*Via RBA

28 abril 2024

PODER - Presidente Lula retoma o sonho de um Brasil grande

“Se a gente sonhar pequeno, nem lembra do sonho de manhã. As coisas grandes são resultado de muita coragem", disse o presidente

     Lula durante evento da Embraer (Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR)

Agência Gov* – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e boa parte de seu ministério encerraram a semana em um giro pela cidade de São José dos Campos (SP), em visitas ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e à Embraer.

Os motivos principais da visita foram a entrega à companhia aérea Azul da primeira de 13 aeronaves fabricadas pela Embraer, sob encomenda, lote que significa investimentos de R$ 13 bilhões, e o início de obras de ampliação e modernização do ITA.

Essas atividades da última sexta (26) fecharam uma semana de resultados positivos para o governo Lula. Como acréscimo simbólico, inseriu a persona do presidente e seu governo num cenário que mescla alta tecnologia, ensino de alto padrão, geração de empregos, presença do Estado como indutor do crescimento e, por fim, a ideia de voar. Para fechar a imagem de sucesso – que era o que o governo queria transmitir – Lula ainda vestiu um quepe de comandante de avião durante cerimônia realizada em um moderno e bem iluminado hangar da Embraer.

Na visita a São José dos Campos, Lula cumpriu primeiro uma agenda no ITA. Lá, o presidente participou da inauguração do Bloco I do alojamento estudantil H8, parte do projeto de ampliação da capacidade de formação do ITA. A nova instalação, para 80 estudantes, faz parte do projeto de expansão do Instituto. Em janeiro deste ano, o governo federal havia lançado a pedra fundamental do primeiro campus do ITA no Nordeste, em Fortaleza (CE). O ITA Nordeste terá seu primeiro vestibular realizado ainda este ano e deverá selecionar 50 alunos. Serão 25 vagas para os cursos de Engenharia de Energia e Engenharia de Sistemas.

Criado em 1950, o ITA é considerado um centro de referência no ensino de engenharia no Brasil. É uma instituição universitária pública, ligada ao Comando da Aeronáutica e especializada nas áreas de ciência e tecnologia no setor aeroespacial, com cursos de graduação e pós-graduação. Durante a visita, além de conversar com militares, Lula investiu tempo conversando com estudantes. Em suas redes sociais, exibiu alguns dos diálogos, sempre com a tônica do sucesso e do futuro promissor.

Conhecer o Brasil

Na Embraer, junto com a primeira-dama Janja Lula da Silva, batizou a aeronave adquirida pela Azul, um jato E195-E2, com capacidade para transportar até 136 passageiros e autonomia de 4,8 mil quilômetros. Com o lote de 13 aparelhos que encomendou, a Azul investirá R$ 13 bilhões. Segundo a fabricante, o modelo possui tecnologia para operar tanto em aeroportos maiores e aeródromos regionais, com menor infraestrutura aeroportuária.

Essas características do projeto da Embraer foi a senha para Lula defender maiores investimentos na estrutura turística brasileira. Antes dele, os presidentes da Azul, John Rodgerson, e da Embraer, Francisco Gomes Neto, haviam destacado a versatilidade dos aviões produzidos em São José dos Campos, adequados a um projeto de maior interligação do país por vias aéreas.

Lula comentou de viagem que fez a Alter do Chão, no Pará, que classificou como “a cidade mais linda do mundo”. Porém, segundo ele, sem uma boa infraestrutura de acesso e hospedagem, locais como aquele deixam de atrair mais turistas. "Ao invés de a gente querer viajar para conhecer o museu Louvre, em Paris, ao invés de a gente querer viajar para a Disney, é preciso que o nosso povo conhecesse o Brasil”.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou que a ampliação da frota da Azul vai contribuir para o turismo do país, alavancando a economia e a geração de emprego e renda. “A cada quatro turistas que chegam em uma cidade no Brasil, nós estamos falando em um emprego que é gerado no país”, mencionou.

Costa Filho ainda destacou que “ao final do primeiro ano do governo do presidente Lula, nós tivemos mais de 112 milhões de passageiros transportados. Em apenas um ano, nós tivemos um crescimento em 15% na aviação do país. Eu não tenho dúvidas que até o final dos quatro anos do presidente nós vamos chegar a 140 milhões de pessoas viajando pelo nosso país”.

Nas asas da Embraer

Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a parceria ITA-Embraer é uma evidência de que o Brasil pode ocupar espaços especiais no mercado internacional. "A Embraer produz uma coisa que impressiona o mundo, mostra que o brasileiro tem toda condição de agregar valor à produção, de agregar conhecimento. O ITA aqui do lado. Esse ecossistema que se montou aqui em São José dos Campos acabou gerando tanta riqueza e tanta esperança para o Brasil. E é muito bom ver que essa região do estado de São Paulo está voltando a viver dias melhores”.

Fazendo menção a uma visita que fez à região durante a sua campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2022, Haddad comentou: “O desânimo era muito grande. Desde que o presidente Lula assumiu a Presidência, o quadro mudou e vai mudar muito mais", disse.

Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin lembrou que parte de sua infância foi vivida naquela região. Natural de Pindamonhangaba, cidade da qual foi prefeito na década de 1970, Alckmin disse acreditar que o exemplo do polo tecnológico de São José dos Campos pode ser replicado em outras regiões do país.

“Nós estamos na região mais industrializada do mundo. E a Nova Indústria Brasil, que o presidente Lula lançou, é exatamente para nós fortalecermos a indústria, gerando mais emprego e mais renda. E aqui está o exemplo da indústria inovadora, na vanguarda da engenharia e da inovação”, afirmou o vice-presidente. Recorrendo à ideia de voar, o vice-presidente fez um prognóstico: “Tenho certeza de que nas asas da Azul e da Embraer vão voar os melhores sonhos de um país inovador e industrializado, com oportunidades e emprego para todos os brasileiros”.

A visita ao ITA e à Embraer contou ainda com as presenças dos ministros Camilo Santana (Educação), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), do general Marcos Antonio Amaro dos Santos (Gabinete de Segurança Institucional), além do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar, Marcelo Kanitz Damasceno.

Boa semana

A visita fechou uma semana em que o governo já havia acumulado bons resultados, apresentados à opinião pública em forma de pesquisas, sanção de leis e anúncios de novos projetos.

Um desses resultados, a forte redução da fome no Brasil após o primeiro ano de governo, foi anunciado na quinta (25). Segundo a pesquisa, feita pelo IBGE, mais de 24 milhões de pessoas conquistaram alimentação adequada em 2023. Naquele mesmo dia, Lula e ministros estiveram na celebração de 51 anos da Embrapa, outra iniciativa estatal de sucesso.

A festa da Embrapa, empresa especializada em produção de tecnologia agropecuária, permitiu a Lula associar pesquisa e ciência ao combate à fome: “A Embrapa significa produção de alimento, produção de alimento significa acabar com a fome nesse país”.

A semana foi marcada também pela permanência da desaceleração dos índices inflacionários. O IPCA de abril ficou em 0,21% em abril, abaixo do esperado, segundo o IBGE. No item novos projetos, Lula inaugurou, no último dia 25, a primeira fábrica brasileira de insulina, em Nova Lima, Minas Gerais, que tornará o país autossuficiente nesse tipo de insumo.

Também na quinta, ao receber representantes de povos indígenas, que organizaram o Acampamento Terra Livre, em Brasília, o presidente anunciou novas demarcações de terras para essas populações. No mesmo dia, sancionou lei, de autoria da deputada Iza Arruda (MDB-PE), que torna obrigatória a construção e manutenção de espaço seguro e privativo, em toda a rede do SUS, para mulheres vítimas de violência, a chamada Sala Lilás. Já estão previstas em 500 novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) em construção, informou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante a cerimônia. Nísia afirmou que as demais unidades serão adaptadas à exigência.

Ainda na Embraer, uma fala de Lula pode sintetizar como ele avaliou a última semana: “Se a gente sonhar pequeno, nem lembra do sonho de manhã. As coisas grandes são resultado de muita coragem". 

*Via Brasil247

27 abril 2024

Grândola, Vila Morena - Capitães de Abril

Porto Alegre/RS: Moradores denunciam ‘tragédia anunciada’; Melo promete força-tarefa para fiscalizar pousadas Garoa

 

Reunião sobre a situação das Pousadas Garoa na Defensoria Pública, por meio do Centro de Referência em Direitos Humanos. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Sul21* - A tarde desta sexta-feira (26) foi de manifestações públicas sobre o incêndio que aconteceu durante a madrugada, matou dez pessoas e deixou outras 15 feridas na pousada Garoa, no centro de Porto Alegre. Movimentos sociais, vítimas e familiares participaram de uma reunião em formato de audiência pública organizada pela Defensoria Pública do RS por meio do Centro de Referência em Direitos Humanos. Reunidos, denunciaram as condições insalubres da rede de pousadas com a qual a Prefeitura tem um contrato de R$ 2,7 milhões até o fim do ano, através da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), para alocar pessoas em situação de rua nas acomodações.

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Ao longo do dia, 15 sobreviventes do incêndio passaram por atendimento médico e sete continuam internados. Seguem no Hospital de Pronto Socorro (HPS) quatro pacientes, dos quais dois estão em estado grave. Os demais foram liberados durante o dia. No Hospital Cristo Redentor (HCR), estão três pacientes.

“Era uma desgraça anunciada. Quem conhece a Garoa sabe, é uma ratoeira. Tem que pedir licença para os ratos para poder passar”, disse Carlos César da Costa Filho, que mora na unidade da rua Sete de Setembro. O Sul21 conversou hoje com sobreviventes da tragédia na unidade da Av. Farrapos, que também reclamaram das condições do local: “É barata por cima do fogão, em cima da pia, dentro do banheiro, do quarto, por tudo. Se tu não botar tampa em cima da panela, não consegue fazer uma comida. É uma situação desumana”, afirmou Marco Aurélio de Souza, 39 anos. (...)

*CLIQUE AQUI para continuar lendo a postagem de Bettina Gehm no Sul21.

26 abril 2024

'Chegou a hora!'


Em 25 de abril de 1974, uma operação militar articulada clandestinamente ganhou as ruas de Lisboa e derrubou a ditadura salazarista que vigorou por 48 anos em Portugal. Foi a participação popular no próprio 25 de abril e nas semanas seguintes que a tornou uma revolução. Foto: Arquivo Nacional da Torre do Tombo


José Cardoso Pires e o 25 de abril

Por Flávio Aguiar*, em A Terra é Redonda*

“É a hora!” (Fernando Pessoa, em Mensagem).


1. Em meados de 1975 o novo governo português enviou uma missão de escritores ao Brasil para “explicar” o que fora a Revolução dos Cravos, o 25 de abril. Eram cinco ou seis escritores que percorreram universidades e outras instituições culturais brasileiras.

Foram também ao curso de Letras da USP, que então se localizava no “antigo” CRUSP, como uma tropa de ocupação para impedir o retorno dos estudantes ao seu conjunto residencial.

Além disto havia uma outra ideia subjacente àquela “ocupação”: a de criar um Instituto de Letras, ideia naquele momento patrocinada sobretudo por um grupo de professores de direita, o chamado “Bando da Lua”.

Esta ideia naufragava desde uma assembleia de professores, realizada no ano anterior, em que vencera por pouca diferença a proposta de permanecermos no que restava da Faculdade de Filosofia, esquartejada pela reforma de 1970.

Mas ela não desaparecera do horizonte. Até mesmo renasceria mais tarde, sob a égide de outros debates. Mas isto é outra história. Retornemos aos portugueses.

Do grupo, liguei-me mais, por motivos diferentes, a Ernesto de Melo e Castro, alto, de magreza elegante, barbudo, que, graças a razões afetivas, permaneceria no Brasil; e sobretudo a José Cardoso Pires, baixinho, de físico forte e atarracado, grande apreciador de conhaques e afins.

Contava então o José Cardoso com 50 anos de idade. Ainda viveria até os 75, sucumbindo a um derrame logo após seu aniversário, comemorado no mês de julho. Já era um escritor de fama; fora perseguido na ditadura salazarista por suas ligações com o Partido Comunista, de que se afastaria logo a seguir.

Nas Letras os escritores cumpriram sua missão na parte da manhã. Fui assistir sua palestra com meus alunos. Tinha 28 anos e concluía meu mestrado sobre o teatro de Qorpo-Santo. Fazia parte do corpo docente da Faculdade desde 1972, a convite do professor Décio de Almeida Prado, para repartir com ele as aulas sobre dramaturgia brasileira.

Por afinidades eletivas e por indicação de amigos comuns, à tarde fui encontrar-me com o José Cardoso num boteco do centro de São Paulo.

Ficamos bebericando conhaques até o anoitecer e ele, com uma prosa de fino sabor, narrou-me sua participação nos acontecimentos do 25 de abril em Lisboa, no ano anterior.

Sem poder reproduzir seu sotaque lusitano, vou confiar-me ao que na minha memória ficou de sua curiosa narrativa, abrindo aspas e recordando com emoção a amizade que nos uniu.

2. Contou-me ele:

“Na noite de 24 estava eu em minha casa quando, pelas dez horas, tocou o telefone. Atendi, e escutei a voz de uma velha amiga do Partido Comunista, que vivia clandestina há tempos. Disse-me: ‘Estás lá, José’? ‘Estou’, respondi. Disse-me então: ‘José, chegou a hora!’ E desligou!

Estupefato, contei o que que acontecera para a Maria Edite, minha mulher. Ela perguntou-me: ‘o que ela quis dizer com isto: chegou a hora?’. ‘Sei lá’, respondi, ‘vai ver que virão prender-me’.

Continuei: ‘Maria, prepara-me, por favor, uma maleta: umas peúgas, a escova de dentes, camisa, essas coisas”. Assim ela fez, e ficamos a esperar, sem poder dormir.

Passada a meia-noite, batem-nos à porta, assim, já diretamente dentro do prédio.

‘Chegou a hora!’, eu disse à Maria, e abri a porta. Dei de cara com dois militares, um sargento com as divisas e um soldado de rifle a tiracolo, por detrás dele. Repeti para a Maria: ‘chegou a hora’!

Para minha surpresa, o sargento entrou e deu-me um abraço, a dizer: ‘sim, camarada, chegou a hora! Esta é uma revolução democrática, e viemos buscá-lo para levá-lo à televisão onde faça um pronunciamento’.

Eu estava proibido de ir ao rádio e à televisão e de dar entrevistas. Fiquei desconfiado, mas fui. Afinal, eles estavam armados. Despedi-me da Maria Edite e desci com os dois à rua.

Esperava-nos um caminhão do Exército e ao subir na sua carroçaria reconheci alguns camaradas que lá estavam em meio a outros soldados. Perguntei a um deles o que estava a acontecer. ‘Não sei’, disse-me, ‘só sei que chegou a hora!’. E lá nos fomos para a estação de televisão.

Lá nos levaram – éramos uns dez ou doze – para uma sala, com uma mesa ao centro e em cima dela uma garrafa de uísque. E lá ficamos horas a fio, a conversar e sem saber o que estava a acontecer. Até que já ao raiar do dia, eu pretextei ir à sala de banhos e consegui escapulir do prédio.

Procurei uma cabina telefônica e liguei para minha mulher. ‘Olha’. disse-lhe, ‘vou dar uma volta ao centro para saber o que se passa e volto para casa. Devo chegar aí por volta de uma dez horas’.

Foi uma loucura. Eu estava ao lado do Otelo Saraiva de Carvalho quando ele chegou ao edifício da polícia política, a PIDE, para soltar os prisioneiros e prender os carcereiros, que tinham atirado contra a multidão. Mataram algumas pessoas e feriram outras. Foram as únicas vítimas na revolução’.

Só voltei para casa três dias depois. E minha filha não voltou até hoje”.

Ainda falamos do Brasil e da esperança que a Revolução dos Cravos nos dava. Despedimo-nos emocionados.

*Flávio Aguiar é jornalista e escritor, é professor aposentado de literatura brasileira na USP. Autor, entre outros livros, de Crônicas do mundo ao revés (Boitempo).

-Via Viomundo